Uma das testemunhas da morte do vigilante, ocorrida na madrugada deste domingo, teme pela própria segurança e diz que está com medo de voltar a trabalhar. Após prestar testemunho na delegacia de polícia, ela foi aconselhada por policiais militares do Distrito Federal a procurar proteção.
Na madrugada deste domingo, Kassio Enrique Ribeiro de Sousa, de 26 anos, foi morto por disparos efetuados por Yuri Rafael Rodrigues da Silva Miranda, cabo da Polícia Militar do Estado de Goiás, no estacionamento de uma casa de festa no Gama.
O deputado Chico Vigilante (PT) informa que irá procurar as autoridades com o objetivo de garantir a proteção das testemunhas do episódio. “Vamos buscar junto ao Ministério Público, à OAB e à Secretaria de Segurança Pública que sejam tomadas todas as providências cabíveis neste caso. A vida de trabalhadores honestos não pode ser ameaçada por criminosos que se escondem atrás de fardas da polícia”, afirma o deputado.
A testemunha, que não quer se identificar, relata que, no momento da confusão, a casa de festas estava cheia e muitos veículos começavam a deixar o estacionamento. Era por volta das 5h30 da manhã quando Yuri chegou e tentou entrar na festa pelo mesmo local.
Naquele momento, o segurança, conhecido como Kadu, tentou argumentar com os integrantes do carro para que não entrassem por aquele caminho. A testemunha relata que alguns carros atrás desistiram e abriram caminho para a passagem dos carros de saída do evento. No entanto, o PM de Goiás não concordou em retornar.
De acordo com o relato, o cabo Yuri estava no banco do passageiro, em visível estado de embriaguez, e se exaltou com os seguranças da festa. Houve discussão e, em determinado momento, Kadu voltou ao interior da festa para buscar ajuda.
De volta ao local, Kadu foi chamado por Yuri para próximo do carro. Então, o cabo efetuou cinco disparos de dentro do carro, sem tempo de reação para o segurança. As testemunhas revelam que o policial desceu do carro e pediu, com arma em punho, que todos se afastassem.
Kadu chegou a ser socorrido pelos colegas, mas morreu logo em seguida. O policial do Estado de Goiás prestou depoimento na delegacia do Gama e foi liberado.
Segurança irregular
A morte de Kadu mostra a precariedade a que muitos vigilantes são submetidos na procura de emprego. A testemunha relata as condições precárias de trabalho em eventos como o ocorrido na madrugada deste domingo nos quais vigilantes são contratados ‘por fora’, como freelancers, e não por meio de empresas formais.
A testemunha conta que as diárias pagas aos profissionais de segurança são muito baixas, cerca de 80 reais, e que não são oferecidas condições adequadas para a prestação do serviço.
O deputado Chico Vigilante e o Sindicato dos Vigilantes vão acionar a Superintendência do Trabalho e a Polícia Federal para que a convenção coletiva seja cumprida. A norma estabelece que, em caso de eventos, sejam contratados profissionais de empresas formalizadas junto à Polícia Federal e não freelancers.
De acordo com o parlamentar, o Sindicato dos Vigilantes vai prestar auxílio jurídico e trabalhista de modo a que a família do vigilante tenha assegurados seus direitos. “Os contratantes terão que arcar com a assistência prevista para a atividade de vigilância como o pagamento de seguro de vida e de auxílio funeral”, afirma Vigilante.