Temer e Cunha, vassalos do Tio Sam, não passarão

*Por Chico Vigilante

O que é bom para os EUA é bom para o Brasil, disse o general Humberto de Alencar Castelo Branco assim que assumiu o regime militar em 11 de abril de 1964, dez dias depois do golpe contra o presidente João Goulart, acusado de comunista.

Em 18 de abril de 2016, o senador tucano Aloysio Nunes, membro da Comissão de Impeachment de Dilma no Senado, disse que os EUA devem voltar a ser o aliado número um do Brasil e não os países do Mercosul e dos Brics, importantes e históricas alianças forjadas nos governos petistas.

Logo após o impeachment passar na Câmara, Aloysio –assim como seus parceiros envolvido em denúncias de corrupção – foi a Washington por três dias encontrar-se com lobistas e pessoas próximas a Hilary Clinton e outras lideranças políticas.

Sua assessoria negou-se a divulgar sua agenda naquele país. Segundo o jornal Pravda, o Albright Stonebridge Group onde Aloysio participou de um almoço, na terça-feira, 19 de abril, informou que o evento não tinha importância midiática e que “era voltado à comunidade política e de negócios de Washington “, não revelando nomes de presentes ou assuntos discutidos.

Desde quando o que a comunidade política e de negócios de Washington faz não é de interesse da imprensa ? e quem decide o que é de interesse da imprensa ?

Certamente porque trata-se de assuntos obscuros que bons para o Brasil não são. O que um senador brasileiro de oposição ao governo de seu país tem a tratar com autoridades, políticos ou empresários americanos ?

Em 1971, o presidente americano Richard Nixon, disse que “para onde o Brasil for o resto da América Latina irá”.

O já conhecido intuito de dominação econômica dos EUA no continente, elucida bem as razões do grande interesse do Tio Sam nos destinos políticos do Brasil.

Segundo telegramas revelados por Edward Snowden, o Brasil foi em 2013 simplesmente o país mais espionado do mundo e nos últimos anos o mais espionado da América Latina.

E quem fez isso ? Snowden Conta : a comunidade de espionagem americana e a própria embaixada americana em Brasília.

As revelações do Wikileaks são esclarecedoras: informam que a Embaixada em Brasília é histórico ponto de encontro com setores opositores ao governo a fim de discutir pontos específicos registrados em telegramas como : financiamento de campanha; políticas defendidas pelo PSDB a respeito das mudanças na exploração do pré-sal; medidas para minar movimentos sociais como o MST.

Os interesses dos EUA no Brasil são históricos e óbvios, dominação econômica. Os interesses da elite brasileira e dos golpistas, tomar o poder sem voto e governar contra a maioria, estão cada vez mais claros.

O clima do já levamos, a casa é nossa, após encontro de Temer, Renan e Aécio na quinta, 27 de abril, demonstra que a oposição não está preocupada com a voz das ruas contrária ao golpe: convocação de greve geral pelas centrais sindicais e UNE, e a promessa de estarmos todos unidos nas ruas no primeiro de maio, Dia do Trabalhador.

A grande imprensa ignora o fato de todos os movimentos políticos, sociais e culturais do país estarem se mobilizando contra o golpe.

Essa mídia aliada ao golpe dá pouco ou nenhum espaço a muitas vozes respeitáveis que defendem eleições gerais ainda este ano e fingem não perceber que o país está a beira de um grande incêndio e que Temer na presidência resultará obviamente em aumento da temperatura.

A mensagem passada pelos comentaristas da Globonews, antes mesmo do início dos trabalhos da comissão de impeachment, é que já estão todos agindo como se estivessem em outro capítulo da história do Brasil e que entre líderes peemedebistas e tucanos a pacificação será mais fácil do que se imaginava.

Um ponto ficou claro: que o toma lá dá cá está forte e que até mesmo Renan, mais próximo de Dilma anteriormente, já chama Temer de presidente em declarações a imprensa e afirma que ele entende a complexidade da tarefa mas está disposto a dar uma virada no país.

Aécio Neves resume suas intenções em apoiar o governo: queremos defender pontos que levem o país para um Brasil diferente deste dos governos do PT.

O governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, que também defendeu uma aproximação com os EUA disse na quarta, 27, em entrevista na Globonews: vamos virar a página e fazer um Brasil melhor.

Mais claro é impossível. O que pretendem Temer e seus aliados é desmontar tudo que foi feito em 13 anos pelos trabalhadores brasileiros e pelo fim das desigualdades e do atraso social e cultural.

As reformas defendidas por Temer, Cunha e seus aliados tucanos passa pelo desmonte da CLT, da Previdência Pública, dos direitos sociais da Constituição de 1988 e o fim dos programas sociais para a população carente.

Por um terrível lapso de compreensão política, no entanto, Temer, Cunha e os tucanos de olho na parceria do poder não terão um só dia de sossego na tentativa de governar um Brasil mobilizado onde de canto a canto, no campo ou nas cidades se ouvirão gritos de: golpistas, fascistas, não passarão!

* Chico Vigilante é deputado distrital pelo PT-DF

Publicado originalmente no portal Brasil 247