Organizações Sociais não são solução para os problemas da saúde no DF, diz Vigilante

Desde o início de seu governo, em janeiro de 2015, Rodrigo Rollemberg prometeu implantar um sistema baseado em organizações sociais, as chamadas OSs, para gerir o sistema público de saúde do DF, como já é feito em outros estados brasileiros. A ideia tem enfrentado resistências. Uma delas, do deputado Chico Vigilante (PT) que se colocou na linha de frente de combate à proposta e recebeu o apoio dos servidores da rede pública, que temem a precarização do serviço.

Durante audiência pública sobre o tema,  realizada nesta segunda-feira (14), na Câmara Legislativa, Vigilante se enfatizou sua posição contrária  à implantação do sistema. Com base nos exemplos de outros estados, o parlamentar defendeu que, além de não oferecer atendimento de qualidade, as organizações contribuíram para uma piora no atendimento à população.

“Sou defensor de um Sistema Único de Saúde estatal, controlado pela população. Temos que colocar os conselhos de saúde para funcionar efetivamente, fazer controle social para que a gente tenha uma saúde de qualidade”, defendeu.

Aplaudido de pé pelos servidores que participaram da audiência pública, o deputado lembrou exemplos de alguns estados, como o Rio de Janeiro, Maranhão e o Goiás. “Apesar de ser gerido por OSs, o Entorno de Brasília tem um dos piores atendimentos à saúde do Brasil. Portanto, as OSs são uma ilusão, uma maneira de desviar os recursos públicos”, destacou.

Segundo Vigilante, em um passado recente, quando o ex-governador Arruda implantou o sistema de OS no Hospital de Santa Maria, acumulou problemas no atendimento aos pacientes e desvio de recursos.

“Quando candidato, Rodrigo Rollemberg dizia que a saúde do DF tinha dinheiro, mas faltava gestão. Agora vem dizer que OS é a saída. A solução é o gerenciamento porque dinheiro tem, o que falta é gestão e competência”, finalizou Chico.

A presidente do Sindsaúde, Marli Rodrigues, também se colocou contra a chamada terceirização na saúde, porque as organizações não assumem as responsabilidades que o Sistema Único de Saúde tem.

“A contratação de organizações sociais não é ilegal, mas é imoral. Quando o governo terceiriza a saúde, está dando um atestado de incompetência. A única razão para se adotar o modelo de organização social é a brecha que se cria para escoar dinheiro de corrupção”, acusou.

O secretário de Saúde do DF, Humberto Lucena, admitiu que o GDF está estudando a  possibilidade de implantação do sistema, mas garantiu que isso será discutido com a sociedade.

 

 

“Se houver apoio, avançaremos. Se o modelo se revelar mais caro do que a gestão direta, muito provavelmente vamos rejeitá-lo. Mas nossa meta agora é propor um novo modelo que seja bom para a população, sem retirar direitos dos servidores”, explicou.

Por Veronica Soarez