Dois dias após o golpe parlamentar da presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff (PT), a repressão da polícia às manifestações populares toma contornos da época da Ditadura Militar.
Assim como aconteceu no regime militar (1964-1985), em todos os estados em que a população foi às ruas lutar contra o golpe disfarçado de impeachment, efetivado na tarde do dia 31 de agosto, a polícia agiu com violência desproporcional, espancando as pessoas que pediram “Fora Temer”.
A vítima mais grave foi uma estudante da Universidade Federal do ABC. Ela perdeu a visão do olho esquerdo ao ser atingida por uma bomba.
Em Brasília a repressão não foi diferente: os manifestantes foram atacados com spray de pimenta e gás lacrimogêneo.
Para o deputado distrital Chico Vigilante (PT), a violência policial é a prova do:
“agravamento das tensões e o ataque às liberdades constitucionais do governo golpista, que diz que veio para unir o Brasil”.
Vigilante aproveitou para chamar a atenção do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). “O governador não pode dar cobertura para a repressão que a polícia militar está fazendo contra os movimentos sociais. É inaceitável”, enfatizou.
Violência – Os relatos de agressão vêm de todos os cantos do País. O advogado Mauro Rogério Silva dos Santos, da cidade de Caxias de Sul (RS), foi brutalmente espancado e relata a noite de horror vivenciada por ele.
Leia:
NOITE DE HORROR.
Eu sou a pessoa agredida no vídeo. Tenho vários machucados, mas estou bem. Tenho hábito de buscar meu filho a noite na faculdade. Em torno de 22 horas recebi uma mensagem dele pedindo para que eu o buscasse na praça central de Caxias do Sul, onde estava acontecendo uma manifestação pelo fora Temer. Me dirigi para lá e já não havia muitas pessoas. Não o vi. Recebi um pedido de ajuda dele dizendo que estavam precisando de um advogado pois haviam jovens sendo presos a uma quadra da praça, quando se dispersavam. Cheguei e vi uma moça e um jovem, certamente menor, de mãos na parede e os policiais se preparando para conduzi-los à delegacia. Retirei minha carteira e me apresentei aos policiais para saber da razão da condução dos jovens e qual o nome deles. De imediato fui repelido com empurrões e não tive a condição de advogado reconhecida, talvez por eu ser negro. A polícia tem dificuldade em entender que estas duas condições podem andar juntas. As agressões foram muitas. Meu filho está preso na penitenciária de Caxias do Sul. Dizem que ele chutou um policial e, com isto, atentado contra a vida dele. Meu filho é estudante de direito, por longo tempo atleta de canoagem, tendo representado o Brasil em diversas competições nacionais e internacionais. O presido não é o lugar dele. Vou trabalhar para tirá-lo de lá.