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Fora, FMI!

Depois de treze anos de governos petistas de Lula e Dilma, o Fundo Monetário Internacional – FMI volta ao Brasil com suas garras para impor arrocho salarial à classe trabalhadora. Com as bênçãos e o conluio do golpista Michel Temer.
Sinto náuseas ao lembrar daqueles tempos de triste memória quando Ana Maria Jul, com sua pastinha preta, chegava ao Brasil e ia direto ao Banco Central fazer o balanço das contas brasileiras e ditar regras na nossa política econômica, durante o período da ditadura militar.
A presença do FMI no Brasil, esta semana, é mais uma demonstração de que houve um golpe parlamentar midiático e de que estamos vivendo sob um regime de exceção apoiado pelo governo americano.
Depois de muitos anos livres deles, aqui e na Argentina, bastou que chegassem ao poder Temer e Macri para que de novo representantes do FMI pousassem na América Latina sendo recebidos em tapetes vermelhos.
Sem nenhum prurido, o Fundo veio recomendar fim de reajustes reais ao salário mínimo, reforma trabalhista e previdenciária, cortes de investimentos em programas sociais, e um aperto geral nas contas do governo brasileiro.
Eles ditam regras aqui que não funcionam para solucionar a crise  americana.
Passei anos de minha vida criticando e protestando nas ruas contra a presença e o papel do FMI na economia brasileira.
Muito comemorei quando em 2005 o presidente Lula pagou a ales tudo que devíamos e os colocou pra correr dizendo que aqui não iam mais cantar de galo.
A última parcela da dívida brasileira com o FMI, feita por Fernando Henrique Cardoso, no valor de US$ 15,5 bilhões, foi paga integralmente por Lula, num gesto encarado internacionalmente como um resgate da soberania brasileira.
Muito comemorei quando nos governos petistas conseguimos implantar o melhor instrumento de combate à pobreza e à desigualdade neste país que foi a política de valorização do salário mínimo.
O aumento real do salário mínimo de 76%, entre 2003 e 2015, alterou o perfil de consumo do país e foi, segundo a ONU, o principal fator para redução da pobreza registrada no Brasil.
Me indignei a cada dia deste governo ilegítimo, com as intenções e medidas tomadas premeditadamente contra os trabalhadores, a sociedade e as riquezas do país.
Esta semana, no entanto, me senti envergonhado como nunca, por ser cidadão de um país onde os governantes permitem que um organismo internacional dite as regras como se colônia fôssemos.
Durante os governos petistas de Lula e Dilma o Brasil era tratado e respeitado como uma Nação livre e políticas próprias.
A  chegada do FMI é apenas a consagração do que Meirelles já havia dito há mais de dois meses para a principal revista de economia do mundo, a Forbes.
Ele disse ter três planos para tirar o Brasil da crise: o Plano A- cortar gastos sem prejudicar programas sociais; Plano B – começar a vender ativos do estado; Plano C, o pior de todos eles e estilo básico de austeridade do FMI – o aumento de impostos.
Alguém quem dúvidas de que não aplicarão todos os três planos ? Eu não. Os planos A e B já estão avançados, de uma forma mais cruel. O plano C é uma questão de tempo, assim como as reformas trabalhista e previdenciária.
Em três momentos na reportagem da Forbes, o jornalista lembra o fato de que o escândalo da Petrobras foi a principal causa da atual crise brasileira – que como todos sabemos, foi tratado pela Operação Lava Jato de forma a quebrar as maiores empreiteiras e deixar sem emprego, milhões de brasileiros.
Em um dos trechos a revista diz “Assim como a crise de imigração levou ao Brexit  e possivelmente a Donald Trump , a crise da Petrobras pode levar o Brasil a voltar ao tempo em que uma instituição estrangeira dizia ao governo brasileiro como gastar seu próprio dinheiro”.
Mais claro é impossível: um grande escândalo de corrupção imobiliza o país, quebrando suas grandes empresas, e colocando na cadeia os principais líderes do PT no governo, sugerindo à população serem eles os culpados.
Criado o clima propício para o impeachment, toma-se o poder, inicia-se imediatamente o desmonte de nosso sistema estratégico de empresas de energia e outras estatais, voltando a aceitar aqui dentro regras ditadas pelo FMI.
Em todos os países onde o FMI ditou regras não houve progresso, nem aumento da igualdade.
Quero dar meus pêsames a todos os coxinhas que bateram panelas e saíram as ruas para defender o impeachment de uma presidenta eleita por 54 milhões de brasileiros.
Dar os pêsames por terem contribuído, ingenuamente ou premeditadamente, para colocar no poder um golpista que agora vai usar o seu dinheiro, o nosso dinheiro – o dinheiro de todos aqueles que foram contra o golpe – para pagar ao FMI juros de empréstimos que farão, sem necessidade, em nome de todos nós.
Quero dar meu mais sentido e triplo pêsames  aos que defenderam Temer e que agora terão que aceitar também uma das exigências mais nefastas do FMI, a quebra da vinculação das aposentadorias e pensões do INSS ao salário mínimo, o que afetará cerca de 25 milhões de brasileiros.
Serão também responsáveis pela morte prematura de muitos pais, mães, avós e avôs que lutaram para garantir a seus filhos um futuro melhor.
Chico Vigilante
Deputado distrital pelo PT/DF