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Ex-comandante Naime diz, durante oitiva na CPI, que Exército protegeu terroristas

O ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federaç, Jorge Eduardo Naime, que está preso e era responsável pelo Departamento de Operações Especiais da Polícia Militar do DF no dia 8 de janeiro, contou hoje, à CPI dos Atos Antidemocráticos da CLDF que, em sua avaliação, o Exército protegeu os manifestantes após a invasão da sede dos três Poderes, no dia 8 de janeiro. Naime estava de licença na época dos atentados, uma vez que trabalhou no Natal e no Ano Novo, tendo atuado intensamente na posse do presidente Lula – motivo pelo qual pediu alguns dias para descansar. Mesmo assim, contou que quando foi informado sobre os atos, correu para a Esplanada e conseguiu ajudar a conter a invasão do Congresso Nacional, tendo sido responsável pela prisão de aproximadamente 400 manifestantes. Ele foi ferido por um rojão, o que o levou ao hospital para realização de um procedimento médico e ainda está se recuperando.

O ex-comandante relatou que, no momento da prisão dos que voltavam da Esplanada, a PM se deparou com uma “linha de choque montada com blindados”. “Por interessante que parecesse, eles não estavam voltados para o acampamento. Eles estavam voltados para a PM, protegendo o acampamento”. Para ele, o acampamento era o “epicentro de todos os atos” golpistas. “O tenente que era o oficial de dia no Quartel Geral do Exército queria impedir que a gente prendesse as pessoas no gramado que fica ao lado. O argumento foi que o local era uma área do Exército e que a PM não poderia atuar. Presenciei o [interventor Ricardo] Cappelli tentando entrar e o general Dutra sem querer permitir”, relatou, sobre a tentativa de prisão de pessoas no acampamento.

Naime também disse que participou de várias reuniões antes dos atos golpistas com o Comando do Exército para a retirada do acampamento, mas que as operações eram canceladas de última hora. Segundo ele, chegou a colocar 500 homens à disposição, no dia 29 de dezembro, para retirar o acampamento, mas “houve orientação expressa para que não fosse permitida a retirada de pessoas daquela área”.

Ainda de acordo com ele, havia agentes de inteligência, incluindo do próprio Exército, no acampamento. E foram identificadas várias irregularidades – como comércio ilegal, que envolvia aluguel de tendas para ambulantes, bem como indícios de tráfico de drogas, prostituição e até denúncia de estupro. Também existia, disse o coronel, uma “máfia do pix”: “Várias lideranças ficavam no acampamento o tempo todo pedindo que as pessoas fizessem pix com a intenção de manter o acampamento”. Para o ex-comandante, as pessoas que estavam no acampamento viviam “num mundo paralelo”, uma “espécie de seita”. Naime relatou que um dos integrantes se apresentou a ele como sendo extraterrestre e afirmou que seu grupo etava ajudando o Exército no esperado golpe de Estado. “Eles viviam “numa bolha”, com acesso restrito à informação”.

 

Com Mario Espinheira e Francisco Espínola – Agência CLDF