Repercutiu amplamente a entrevista concedida pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT) para o programa CB Poder, da TV Brasília e do jornal Correio Braziliense, na tarde de ontem (27). Na ocasião, o parlamentar falou sobre o cenário político nacional e distrital. Segue, abaixo, a íntegra da entrevista, veiculada hoje pelo Jornal Correio Braziliense:
“Queremos Lula vivo, não um herói”, diz Chico Vigilante (PT) ao CB.Poder
Parlamentar sugeriu que o presidente eleito faça o desfile, em 1° de janeiro, em carro blindado e afirmou que a Esplanada é um “queijo suíço” para possíveis atentados. Ele também criticou a volta do ministro Anderson Torres para a segurança do DF
Amigo de longa data de Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado distrital Chico Vigilante (PT), sugeriu que o presidente eleito desfile em um carro blindado na Esplanada dos Ministérios, em 1° de janeiro. Para a jornalista Denise Rothenburg, no CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, o parlamentar afirmou que “é melhor um Lula vivo do que um Lula herói”, e que a Esplanada tem várias escapatórias para possíveis atentados. “Acho mais do que justo e correto ele fazer o trajeto em um carro blindado, com toda segurança necessária, porque precisamos dele governando o Brasil. Esses loucos estão soltos por aí. Não adianta dizer que vão montar barreiras de contenção, porque a Esplanada é um verdadeiro queijo suíço”, disse.
Estamos vivendo um momento muito grave no Brasil. Eu não tenho notícia de um outro momento com terrorismo aqui no nosso solo. Essa situação que não é só aqui do Distrito Federal, mas no país todo. As pessoas se escondem em terrenos de áreas militares e, todo mundo, quando chega nesses locais, estão lá placas enormes dizendo que você tem que acender os faraós, tem que passar em baixa velocidade, tem que se identificar. As pessoas ocuparam e estão ali todo dia, clamando contra a Constituição brasileira. Eleição se perde e se ganha, não é? Aconteceu uma eleição que foi atacada a todos os momentos pelo atual presidente, que eu chamo de “capitão capiroto”. Ele perde a eleição, fica escondido no Palácio do Planalto, mas de certa forma insuflando esses seguidores dele, que é uma tentativa de implementar o caos em Brasília. As pessoas que estão nos assistindo fora de Brasília, e que não conhecem a capital federal, fico imaginando a tragédia que seria aqui, com aquele caminhão de combustível tivesse explodido. Teríamos milhares de pessoas que iriam perder a vida, para tentar emplacar o estado de sítio. Eles tiveram outra tentativa de explodir uma subestação de energia em Taguatinga Sul. Essas pessoas iriam ficar no escuro. É grave o momento que o país vive nas palavras de Flávio Dino — futuro ministro da Justiça — e de Josué Múcio. Espero que além de falar, eles estejam agindo efetivamente para que algo pior não venha acontecer no DF e no país.
Você defende que o presidente faça o desfile em um carro blindado?
Se eu fosse o presidente Lula, e conheço ele há mais de 40 anos, sim. Peço a ele: ‘Queremos Lula vivo, não um herói’. Portanto, acho mais do que justo, acho mais do que correto, ele fazer o trajeto em carro blindado com toda a segurança necessária, porque nós precisamos efetivamente dele governando o Brasil. Esses loucos estão soltos por aí. E não adianta dizer que vão montar barreiras de contenção na altura, quem sabe, da Catedral de Brasília. A Esplanada dos Ministérios é um verdadeiro ‘queijo suíço.’ Portanto, ali tem muitos possíveis locais para esses terroristas ingressarem, com arma de longo alcance, de cometerem algum tipo de atrocidade contra o nosso presidente. Então, eu recomendo ao presidente Lula que vá sim em um carro fechado. Deixa quem sabe para 7 de setembro, quando as coisas estiverem pacificadas o desfile em carro aberto.
O que você aconselharia para as pessoas que querem vir a Brasília para aproveitar os shows?
Particularmente, sou contra esses shows. Eu acho que eles não deveriam acontecer. As pessoas se concentrarem ali na Esplanada, assistir a passagem do presidente e depois acompanhar pelos meios de comunicação a posse, eu acho correto. Agora, festa acho desnecessário neste momento.
A posse de 2003 foi uma festa, com todo aquele apoio popular. Agora, a situação é diferente.
Você vê a diferença de 2003 para agora. Naquela época, tínhamos um sociólogo que tinha orgulho de passar a faixa, e declarou isso mais de uma vez, de estar passando o comando para um metalúrgico. Foi prazer e satisfação que o Fernando Henrique sentiu ao passar a faixa presidencial para Lula. Tanto é que o Lula se emocionou, pois eles eram amigos. A diferença é que hoje temos uma pessoa que sempre teve a mentalidade terrorista. É só pegar as matérias da revista Veja da década de 80, quando esse suposto capitão, que está como presidente da República já pregava um golpe. Olha a diferença de FHC para Bolsonaro, que levou o país para essa situação que vivemos.
O presidente Lula, lá de 2003, fez um governo de maioria petista. Hoje, ele quer repetir essa dose. Os ministérios mais essenciais estão definidos para o PT. Como ficará essa convivência com
partidos aliados?
Olha, o presidente Lula precisa transformar a vitória que ele teve em um governo de frente ampla também. Eu sou petista, sou fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), mas no momento político que vivemos, é preciso o PT ter a grandeza de abrir espaço, não só para partidos, mas também para sociedade organizada desse país. Nós vamos ter 4 anos de extrema dificuldade, de uma convivência terrível. O Lula vai ter a obrigação de pacificar essa nação. Para isso, teremos que atender a todos que apoiaram o Lula no primeiro e no segundo turno com um espaço no governo. Eu sou daqueles que acho que demorou demais a definição da Simone Tebet. A senadora, pelo papel que ela jogou nessa campanha eleitoral, com a dedicação que ela teve, merecia mais. Aquela frase que ela disse: ‘a minha frente tem 48 horas para decidir, mas eu decidi: estou com a democracia’. Com aquele gesto, ela deveria ter sido uma das primeiras pessoas a serem nomeadas pelo presidente Lula.
Ela queria o Ministério de Desenvolvimento Social, mas o PT não deixou. O PT não aprendeu?
Eu acho que aprendeu. Acho que o aprendizado foi muito duro. O presidente Lula está tendo dificuldade certamente com relação a formação do governo, mas eu tenho certeza que será um governo aberto e participativo para todos. Todos os partidos que não estejam do lado dos criminosos que estão aí a soltar bombas, atacar a democracia, são bem-vindos. Portanto, todo mundo que estiver ao lado da democracia terá espaço no governo. Eu tenho dito que esse momento que a gente vive é muito parecido daquele momento da campanha Diretas Já!, quando nos unimos, porque o momento que vivíamos exigia da gente um gesto de grandeza. Quando unimos Lula a Tancredo Neves, Lula e Ulysses Guimarães, Lula e Marcos Maciel. Portanto, eu acho que repetir esse gesto seria muito importante neste momento que estamos vivendo. Que o PT, e todos nós, tenhamos a grandeza de compreender a gravidade do momento político que o Brasil vive, e abrir efetivamente uma ampla frente pra governar, não só por quatro anos. Sabendo que nesse tempo não vai dar para consertar todos os erros que foram cometidos durante esse governo desastroso.
Com relação ao governador Ibaneis Rocha. Ele confirmou ao Correio o retorno de Anderson Torres para a Secretaria de Segurança (SSP-DF). O PT não queria. Como você vê isso?
Eu aprendi uma coisa na minha vida, que os eleitores são muito sábios. Eles escolheram o Ibaneis para governar e nos escolheram para fiscalizar. Nós tínhamos um candidato, mas perdemos as eleições. Portanto, nós vamos ver de perto toda atitude do governador Ibaneis e, da minha parte, eu vou continuar fazendo a mesma coisa que eu fiz sempre: todo que for projeto de interesse da população do Distrito Federal eu apoiarei, aplaudindo e votando. Tudo que for contrário a população do Distrito Federal, denunciarei e votarei contra. Não quero nenhum cargo no governo, porque a população mandou que eu fosse oposição. Portanto, eu não posso estar compondo o governo. Agora, acho um erro do governador trazer de volta para a SSP o Anderson Torres.
Por quê?
Por que o atual secretário, Júlio Danilo, está fazendo um belo trabalho. Poderia perfeitamente continuar à frente da segurança pública do Distrito Federal, bem como o delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Robson Cândido, que está fazendo um trabalho exemplar. Portanto, eu não sei porquê de trazer de volta esse ministro da Justiça, com todos os problemas e todo o cheiro que ele traz do bolsonarismo para segurança do Distrito Federal. É um erro do governador Ibaneis, mas cabe a ele nomear os secretários dele. Eu não quero dar conselhos pra ele com relação a escolha do secretariado.
Como o senhor avalia a atitude de Anderson naquele dia (da diplomação do presidente eleito), quando tivemos atos que podem ser classificados como terroristas.
Eu vou voltar um pouco na história e vou te dizer o seguinte: se estivesse no Ministério da Justiça e assistindo todos esses fatos que estavam ocorrendo, e se o ministro fosse o ex-presidente do Senado Jarbas Passarinho, que foi ministro durante a ditadura militar, certamente o comportamento seria outro. Certamente ele estaria à frente e exigindo do Governo do Distrito Federal ação rigorosa na investigação, mas também teria determinado a Polícia Federal para fazer uma investigação rigorosa, apontando esses criminosos para a justiça. O que disse o atual ministro Anderson? ‘Ah, a Polícia Federal vai acompanhar’. Acompanhar o quê? Ele deveria ter dito que determinaria que a PF, juntamente com o Ministério Público, apurasse esses atos criminosos, porque Brasília não é um ninho do terrorismo.
Quais são os nomes do PT para o plano nacional? Na formação do escalão do governo Lula, o PT-DF não foi contemplado.
Eu vou ficar lhe devendo essa resposta. Sobre a presença da participação no governo Lula, ainda teremos boas surpresas. Para ministérios não, mas para secretarias, deverá ter gente do DF sim.
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