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CPI terá sessão secreta após condenado por bomba alegar ameaças da extrema-direita bolsonarista

Para o deputado Chico Vigilante, responsável por tentativa de explosão em aeroporto sabe mais do que revelou em depoimento

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) realizada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que apura os atos antidemocráticos realizados em Brasília ouviu, hoje (28), Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira, acusados de tentar explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília e condenados pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) a mais de 14 anos (somadas as penas).

Para Chico Pinheiro, Alan deixou transparecer que sabe mais do que revelou em seu depoimento aberto para a imprensa. “Ele está aterrorizado. Ele disse que a família dele, a mãe, os filhos, e a mulher estão correndo risco. Ele foi mandado por alguém, então vamos convocar ele em uma sessão secreta para que ele diga tudo o que sabe. Em seguida, vamos repassar o depoimento para a Polícia Federal, que é quem investiga terrorismo, e para Polícia Civil do DF”, informou o parlamentar.

“Ele disse que também tinha outros locais que ele poderia ter colocado a bomba e confirmou isso aqui: da tentativa que eles tinham de derrubar as torres de alta tensão de Furnas. Ele foi mandado, ele foi manipulado. Ele está com medo”, concluiu Chico Vigilante.

Na oitiva de George Washington de Oliveira Sousa, ele recorreu ao direito de ficar calado durante quase toda a sessão.

Nas poucas respostas que deu aos integrantes da CPI, o depoente revelou que esteve na capital em 30 de agosto de 2022 para uma reunião no Ministério da Infraestrutura do governo Bolsonaro para tratar de um programa do governo para motoristas de caminhão. George Washington disse também que trouxe um arsenal de armamentos e explosivos do Pará a Brasília com a intenção de fazer manutenção de fuzis e pistolas. O depoente também afirmou à CPI que esteve no acampamento golpista em frente ao QG do Exército apenas para “observar o movimento”.

As afirmações de George Washington à CPI não condizem com o depoimento prestado à Polícia Civil, assinado por ele próprio, e que embasou sua condenação por tentativa de atentado terrorista. Diante da contradição, o deputado Chico Vigilante, determinou a leitura integral do depoimento de George Washington à Polícia Civil para que fosse anexado à ata da reunião da comissão. Nele, o criminoso afirma ter pegado em armas depois de ouvir o então presidente Jair Bolsonaro defender o armamento de seus militantes. George Washington também disse aos policiais civis que a intenção do atentado era provocar as Forças Armadas para que tomassem o poder no país.

Os ouvidos tiveram garantido o direito ao silêncio, de acordo com decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 15 de junho. A CPI retorna aos trabalhos em agosto, com previsão de ouvir nomes como Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), e Mauro Cid, ex-ajudantes de ordens do ex-presidente.