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Chico concede entrevista ao jornal Metro

Chico Vigilante

O deputado distrital do PT, que vai iniciar seu quinto mandato e já desponta como principal voz de oposição
ao governo de Rodrigo Rollemberg (PSB), garante que as reclamações financeiras não são baseadas em fatos,
mas promete uma atuação ‘leal a Brasília’ na Câmara Legislativa

‘Essa Crise é invenção’

Em uma série de vídeos postados em seu perfil no Facebook, o senhor tem dito que o GDF não passa pela crise financeira relatada pela gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB). Qual é a base das acusações?
Após a vitória, em outubro, a equipe de Rollemberg teve acesso a todas as informações do governo, e mentiu sobre isso. Minha disposição era dar a ele 120 dias de prazo [antes de começar a cobrar], mas a partir do momento em que ele veio aos meios de comunicação e disse que tinha encontrado somente R$ 64 mil nos cofres do DF [em 5 de janeiro], para mim foi demais. Eu fui ao Siggo [Sistema Integrado de Gestão Governamental] com minha senha de deputado e levantei que no dia em que ele disse que tinha R$ 64 mil, na verdade existia na conta R$ 1,06 bilhão. Hoje tem R$ 1,300 bilhão. Ele apresentou o extrato de uma conta do GDF, mas são 20 contas no BRB, 20 contas no Banco do Brasil, 15 contas na Caixa. Ele tinha — e tem — dinheiro nessas contas, mas mentiu.

Não se trata de dinheiro ‘carimbado’ com destinação definida e por isso impossível de usar para pagar salários?
Que ele podia mexer, remanejar de imediato, R$ 600 milhões no dia 5. E eu provei isso, desafiei ele pra um debate público, mas até hoje ele não me deu a resposta. Fugiu. Queria que ele provasse que eu estava mentindo. Como Tancredo Neves disse uma vez, os números não mentem, os mentirosos alteram os números. Eles alteraram os números.
Com que objetivo?
Primeiro, para jogar mais a opinião pública contra o [ex-governador] Agnelo [PT], mas principalmente porque há acordos salariais, que viraram leis, aprovadas na Câmara Legislativa, e que ele vai ter que cumprir. São 5% para os professores agora em março e 5% em setembro. A mesma coisa pra saúde. E a principal defensora disso na Câmara foi a Celina Leão [hoje presidente da CLDF e aliada de Rollemberg]. O novo governador não quer cumprir os acordos. Trata-se disso. Os acordos realmente trazem um aperto. Agnelo fez uma opção clara, pensada e transparente, que foi de valorizar o servidor público. Agora o Rollemberg trouxe o secretário de Fazenda [Leonardo Colombini] que era da equipe do Aécio e depois do Anastasia [Aécio Neves e Antonio Anastasia, senadores pelo PSDB e ex-governadores de Minas Gerais]; odiados pelo servidores lá de Minas. Portanto, é aquela velha visão neoliberal, de pegar o dinheiro, que podia ser colocado no funcionalismo, para fazer investimento.
O custo político não seria muito alto?
Sim, e isso vai persegui-lo. Ele jogou com a opinião pública. E tem mais um detalhe: o Wilson Lima [ex-deputado distrital] era presidente da Câmara Legislativa quando o [ex-governador José Roberto] Arruda foi preso [em 2009]. Assumiu por três meses e achava que dando muito aumento para os servidores, conseguiria se eleger governador de maneira indireta. Mas não se elegeu. O [Rogério] Rosso [atual deputado federal pelo PSD] ganhou a eleição indireta e também deu muito mais aumentos, achando que numa eleição direta seria positivo… Ficou tudo para o Agnelo cumprir. Ele chegou, não chorou, não esperneou… Cumpriu tudo. E deu mais. É uma cadeia, não foi o Agnelo sozinho que fez isso.
Então o servidor distrital ganha demais hoje?
Não. Não é astronômico, e temos que valorizar. Temos os melhores professores e os melhores médicos do Brasil.
Por que, mesmo com essas bondades, Agnelo perdeu já no primeiro turno?
Perdemos a eleição no dia 1º de janeiro de 2011, no dia em que Agnelo tomou posse, por causa da composição que ele fez, que foi obrigado a fazer. Nem sempre os indicados para cargos estiveram preparados. Mas o Rollemberg está fazendo a mesma coisa.
E como o senhor vai se comportar na Câmara, com relação ao governo?
Rollemberg chamou a gente [bancada do PT na CLDF] para uma conversa, ainda como senador. Eu disse, olhando nos olhos dele: ‘Sou seu parceiro, você militou a vida toda junto com a gente, mas vamos cumprir aquilo que a população mandou, que é ser oposição. Portanto serei oposição, mas você terá uma bancada leal em tudo aquilo que for bom para Brasília. Não vou fazer oposição a Brasília. O que não prestar, vou tentar melhorar. O que não melhorar, voto contra. Esse tipo de oposição é muito mais barata que você, porque sua base será na barganha. Nós não queremos barganhar’
.

“Rollemberg não quer cumprir os acordos salariais, que são leis aprovadas pela Câmara,
e está insistindo nessa crise, mas não aceita
meu desafio para um debate público.” ressaltou Chico.