Burocracia e a falta de manutenção dos estádios atrapalham o futebol do DF

Clubes, Federações, torcedores e representantes do GDF debateram, na tarde desta sexta-feira (20), a forma do uso e as condições dos estádios de futebol do DF.  A audiência pública, realizada no plenário da Câmara Legislativa, foi proposta pelos deputados distritais Chico Vigilante (PT) e Júlio Cesar (PRB), na busca de soluções que auxiliem na adequação desses espaços ao Estatuto do Torcedor.

A maioria dos 12 estádios existentes no DF e Entorno apresentam vários problemas estruturais e de falta de manutenção. Além disso, os representantes dos clubes apontam o excesso de burocracia como um dos principais entraves na hora de realizar uma partida de futebol no DF.

“Para que um jogo aconteça, preciso assinar mais de 150 documentos”, criticou o presidente da Sociedade Esportiva do Gama, Antônio Alves do Nascimento.  “A burocracia está matando o futebol candango”.

Já o superintendente do Sobradinho Esporte Clube, Lúcio Flávio, afirmou que a falta de manutenção dos estádios é um grande problema.

Ele também defendeu mais transferência na gestão dos estádios das administrações regionais para os clubes. “O que já acontece na Ásia, na Europa e em outros lugares, poderia acontecer aqui no DF. A gestão compartilhada dos estádios é um bom caminho”, defendeu o dirigente.

No encontro também foram discutidas formas de financiar a manutenção dos estádios, como a liberação da venda de bebidas alcoólicas em dias de jogos.

Representando os torcedores, o presidente da torcida Ira Jovem do Gama, Heliomar Serejo, disse que o GDF precisa melhorar a mobilidade no deslocamento para as arenas de futebol.

“Quando um jogo começa às 21h45, sabemos que não podemos mais voltar para casa de metrô, porque ele já está fechado”, criticou.

Desvio  – O desvio de finalidade dos estádios foi duramente criticado pela representante do Ministério do Esporte, Marta Lima. De acordo com ela, o problema dos estádios não é a falta de público, mas, sim, o desvio de finalidade. “Usam o gramado para realizar shows e após os eventos, não só o gramado fica ruim, como também os banheiros, que são depredados”, apontou.

Preocupado com o uso desenfreado dos estádios para fins políticos, o diretor da Federação Brasiliense de Futebol, Neymar Frota, criticou as cessões dos campos para “peladas” locais.

O subsecretário de Espaço Esportivo da Secretaria de Esporte e Lazer do DF, Tody Moreno, disse que já há ações em andamento para revitalizar os estádios locais.

“Posso afirmar que a reforma do Estádio Bezerrão, por exemplo, já está começando. Estamos trabalhando para deixar todos os estádios em condição de receber bem os torcedores”, prometeu.

Encaminhamentos – O deputado Chico Vigilante disse que muitas propostas foram levantadas e muitos erros foram mostrados.

“O futebol é uma indústria geradora de emprego e renda. Precisamos voltar a valorizar os clubes locais, pois nossa população tem perdido trabalho para outros estados onde os jogos são realizados”, observou Vigilante.

“Demos um passo importante para que os estádios do DF possam funcionar regularmente”, concluiu.

O parlamentar sugeriu e o plenário acatou a realização de um seminário com os representantes dos clubes, do GDF e da CLDF com o objetivo de discutir as concessões e medidas de apoio aos clubes do DF e entorno.

O encontro deverá ser realizado na segunda quinzena de junho, ainda sem data definida.

 Por Marcos Paulo Lima