Cresce a ruma de provas de que houve um golpe no Brasil e de que está longe de terminar.
O impeachment foi apenas um passo decisivo para a consumação, com mais segurança, do esquema de garantia da impunidade dos golpistas e seus crimes.
Nem um só dia começa ou termina neste país sem que as evidências desse fato se avolumem, agora em ritmo acelerado.
O acordão em torno da Lava Jato, envolvendo o Congresso, a PGR e o STF caminha a passos largos.
Parte de um roteiro teatral, as denúncias contra Temer, Aécio, Geddel, Padilha e delações contra todos eles além de Jucá, Moreira, Serra e outros da turma são estagnadas.
Rodrigo Janot e Gilmar Mendes fingem se desentender como gato e rato com a denúncia de Aécio, um ataca, outro defende, fazem beicinho para em seguida tudo se acalmar, desde que o assunto fique esquecido.
Para o lugar da vice-procuradora, Ela Wieko, que saiu do cargo declarando abertamente ser contra o golpe, Janot nomeou o subprocurador Bonifácio de Andrada, homem de posição conservadora e reconhecidamente parte do círculo de amizades de Aécio Neves e Gilmar Mendes.
Andrada certamente será o elo que faltava entre Janot e Gilmar, protegendo os seus e evitando eventuais surpresas que poderiam ocorrer neste momento delicado para os golpistas, se Ela Wieko se mantivesse no cargo.
Dão tempo ao Congresso para alinhavar um projeto de anistia da prática de caixa dois em campanhas eleitorais, onde sabemos, a grande maioria faz uso do expediente.
Uma caça às bruxas no Legislativo abalaria a base aliada de Temer, e para os golpistas, é claro, é preferível encontar uma maneira de salvá-los, porque a máxima “ eu sou você amanhã “ é o filme do dia na Casa.
A inacreditável Lei da Anistia do Caixa 2 passa a ser analisada também pelo TSE, presidido por Gilmar Mendes, a mesma personagem que atacou a Lava Jato há algumas semanas e disse que o STF a partir de então iria regular as delações premiadas.
As duas grandes delações em jogo no momento são dinamite pura para políticos de todos os partidos: a de Marcelo Odebrecht , que promete entregar os casos de Caixa Dois, e a de Leo Pinheiro, da OAS, que teve sua casa invadida e voltou a ser preso por Moro, numa clara intenção de forçá-lo a mudar o foco de seu depoimento para incriminar Lula, Dilma e o PT.
O sonho de consumo golpista se concretiza: Marcelo Odebrecht entrega o Caixa Dois de centenas de políticos mas o Congresso prepara sua anistia e Leo Pinheiro ajuda a incriminar Lula, para não mofar na cadeia.
Gilmar Mendes, ministro do Supremo e Presidente do TSE, figura central no golpe, se arvora a botar o dedo nas regras de delações premiadas e na montagem da Lei da Anistia.
O ministro quer ter o poder de decidir como e o que devem dizer os acusados; que crimes serão considerados realmente crimes para absolver os corruptos do Congresso Nacional – verdadeiro Golbery dos golpes modernos, o golpe parlamentar.
CHICO VIGILANTE
Deputado distrital pelo PT/DF
