Assim caminha a democracia: depois da CPI, a justiça

Será legítima a avaliação e o julgamento popular dos resultados apresentados hoje pela Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos. Absolutamente todos têm o direito de manifestar apoio ou insatisfação. Aliás, é o envolvimento das pessoas e da mídia, na verdade, que atesta e dignifica o trabalho realizado pelos deputados e deputadas.

No entanto, a percepção distorcida do papel de uma CPI é preocupante. No imaginário, muitas vezes conduzido pelo célebre “vai acabar em pizza”, ainda prevalece o achismo de que o ápice da comissão deveria ser colocar pessoas na cadeia, caso contrário estaria condenada ao fracasso.

Ora, a CPI tem o papel investigativo, não punitivo. Este último é de incumbência da justiça. É por isso que, no rito processual, o próximo passo é a entrega do material ao poder judiciário para que este adote as devidas providências.

Essa confusão, apimentada pela enxurrada de fake news ideológicas, impacta a opinião pública, perturba a racionalidade e enfraquece a democracia. Vivemos em um momento de analfabetismo político e desconhecimento das regras e das leis.

Esse devaneio pode ameaçar e comprometer a imagem de um dos mais importantes e relevantes documentos produzidos pela CLDF desde o começo de sua história em 1990. É necessário entender que os nove meses de trabalho dessa comissão, com 32 oitivas, 208 requerimentos apresentados e mais de 101 horas de depoimentos, foram condensados em um relatório técnico e político, na acepção mais correta da palavra.

O envolvimento, a lisura e a transparência dos 24 parlamentares que compõem esta casa ultrapassam os limites do partidarismo quando o assunto é a democracia. É nesse contexto que convido o povo brasileiro a degustar uma investigação detalhada a respeito dos atos antidemocráticos que assolaram o país.

Dados, provas, fatos e depoimentos consistentes esclarecem a motivação, a participação e os financiadores envolvidos na complexa teia de ações que culminaram no fatídico dia 08/01, assim como nos eventos dos dias 12/12 e 24/12 do ano passado. Jogam luz, também, sobre o caráter difuso do acampamento instalado no Setor Militar Urbano e sobre a atuação desastrosa das forças militares.

Um verdadeiro arsenal de informações valiosas para os veículos de comunicação se deliciarem e os verdadeiros cidadãos saborearem a verdade nua e crua. 

Por Chico Vigilante