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Artigo: Uma sintonia pelo Brasil

Imensa onda de desrespeito às liberdades individuais e democráticas tomou conta do Brasil nos últimos tempos infectando instituições e trespassando classes sociais em manifestações de ódio entre brasileiros.

 

Muitos lamentam a perda de amizades, a divisão de famílias, por entenderem de forma diversa o bem comum. Uns erram por ignorância, outros por opção política em defesa das elites.

 

Numa demonstração de sabedoria política o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, anunciou que lançará brevemente uma campanha nacional de combate à violência e intolerância política no país.

 

Creio ser oportuno jogar luz sobre  esta divisão  para enfraquecê-la. É importante deixar claro que foi iniciada por culpa de um projeto de tomada de poder na marra, de desrespeito ao resultado das eleições.

 

Devemos principalmente entender que num país democrático perder as eleições não dá aos que perderam o direito de derrubar o vencedor por meio de um processo de impeachment sem a existência de crime de responsabilidade que fundamente jurídicamente o processo.

 

Isso é exatamente o que está ocorrendo. Uma tentativa de golpe violento, com máscara de legalidade.

 

A violência está explícita: prisões preventivas desnecessárias, escutas ilegais, ritos de processos na Justiça burlados, vazamentos seletivos, desobediência ao regimento e à Constituição pela presidência da Câmara dos Deputados, manchetes enganosas e reportagens mentirosas por parte da imprensa familiar.

 

Assassinatos de prefeitos, ativistas pela reforma agrária, ataques terroristas a escritórios políticos e sedes de partidos de esquerda, assim como ocorreu com o Instituto Lula, aumentaram consideravelmente no último mês.

 

Os terroristas assassinos, os terroristas midiáticos ou os que provocam a insegurança jurídica agindo acima da Justiça e da lei, fazem todos parte da mesma trama do golpe contra Dilma.

 

Todos eles acreditam na impunidade mas o povo brasileiro não. Não permitiremos que nos amedrontem. Aqui, técnicas de assassinos, entreguistas e traidores não prevalecerão. Somos um povo de luta, amantes da paz.

 

Prova disso foram as belíssimas manifestações ocorridas neste 31 de março.

Cerca de oitocentos mil brasileiros em centenas de cidades deste país pertencentes a movimentos sociais ou não; eleitores do PT ou não; com uma visão mais ou menos crítica em relação ao governo Dilma tomaram as avenidas e praças deste país para dizer Não ao Golpe.

 

A grande marcha ocorrida em Brasília, com 200 mil pessoas, foi para mim uma das mais emocionantes desde a queda da ditadura militar.

 

Após ato político no Estádio Mané Garrincha, saímos as 17 h em caminhada. Ao chegarmos ao Congresso Nacional, já noite, uma multidão ainda se deslocava na outra ponta, deixando o estádio.

 

Com o trânsito da Esplanada dos Ministérios interrompido para carros desde cedo, as 19 h manifestantes a pé ainda brotavam de todos os lados aos gritos: “ Não vai ter golpe, vai ter luta; Dilma Fica, Temer sai; Empurra o Cunha que ele cái; Facistas, golpístas não passarão” … uma verdadeira sintonia pelo Brasil.

 

Naquele momento não havia desrespeito, não havia divisão, não havia terrorismo. O sentimento era um só em defesa do país, de suas riquezas, das conquistas sociais dos trabalhadores, das liberdades democráticas.

 

Era uma onda uníssona nos discursos e nas centenas e centenas de bandeiras vermelhas, brancas, azuis, verdes e amarelas. Eram simples, escritas a mão; minúsculas carregadas por crianças; criativas com caras e bocas em movimento nos braços do movimento cultural. Tiram caras, tinham formas.

 

Suspensas por dezenas de pessoas, produtos do trabalho de muitas mãos, se viam também imensas bandeiras, gigantes, do tamanho do nosso desejo de mudança.

 

 

Pediam o fim da corrupção; a reforma política; mais saúde; mais educação; mais respeito à Justiça e à Constituição.

 

Carregavam o nome de entidades sindicais; do movimento estudantil; dos movimentos sociais da cidade e do campo. Reivindicavam reforma agrária ampla; mais a apoio à agricultura familiar. A defesa do meio ambiente também estava lá.

 

Bandeiras, camisetas, bandanas estampavam a igualdade de gênero, raça, e muitas e multicoloridas pregavam  os direitos e as conquistas do movimento LGBT.

 

Ao contrário de 1964, neste 31 de março o que se via era a vanguarda de um só Brasil  mostrando força e objetivo: salvar o país da hipocrisia da mídia familiar, em aliança com a burguesia nacional para a entrega da nossa Nação ao imperialismo. Era um grande e belo NÂO ao golpe.

 

Chico Vigilante, deputado distrital pelo PT

 

Fonte: Brasil 247