A juventude não quer só “Circo”

Tenho tido o privilégio de estar em contato com a juventude brasiliense e venho percebendo um sentimento coletivo de inquietação. Vejo que, a atual geração está exausta de ser tratada como meros observadores das atuações políticas que não correspondem às suas verdadeiras exigências e necessidades. O termo crucial aqui é “juventude”, uma geração que almeja mais do que somente distração e diversão. Eles anseiam por chances concretas de um futuro promissor, além de terem suas vozes ouvidas e seu valor reconhecido.

Conversei recentemente com Laura Gisler, uma jovem estudante que coordena o Espaço Ágora do CEUB. Laura, uma bolsista que utiliza a pensão recebida de seu pai para pagar a mensalidade, compartilhou comigo as dificuldades enfrentadas por muitos de seus amigos, que tiveram que abandonar seus estudos por falta de recursos. A ausência de incentivos, como bolsas e financiamentos, para estudantes no Distrito Federal foi uma das principais demandas que ela trouxe à tona. No entanto, foi além disso. Seu relato me convenceu de que chegou o momento de romper com a inércia e mostrar ao governador Ibaneis que a juventude não se contenta com migalhas. É necessário que ele assuma sua responsabilidade e implemente medidas que impulsionem o desenvolvimento e garantam o suprimento integral das necessidades dos jovens no Distrito Federal.

É comum ouvir críticas em relação à juventude e seu suposto interesse apenas por entretenimento superficial. No entanto, essa visão subestima a capacidade e o desejo dos jovens por outros assuntos como o uso do transporte eficiente, incentivo à pesquisa, iniciativas sustentáveis e oportunidades de emprego.

Como exemplo, precisamos fortalecer, ampliar e desburocratizar o acesso aos recursos da Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF). A bolsa atual, que é de R$ 400,00 e nunca foi reajustada. Esse valor se quer permite custear o transporte e a alimentação. 

Falando em transporte público, o GDF precisa implementar a Tarifa Zero com urgência! O jovem estudante precisa de acesso livre para chegar ao seu instituto educacional, vivenciar a cidade e poder trabalhar. Chamo a atenção para o testemunho de Laura que, muitas vezes, se vê contando cada mísera moeda para conseguir embarcar no ônibus.

Inclusive, os jovens precisam ser qualificados de acordo com a demanda do mercado de trabalho. Todos os dias surgem novas profissões e, portanto, um ambiente de trabalho cada vez mais exigente. Isso significa que sem a inserção desses jovens em um ambiente tecnológico que os permita se qualificarem para essas vagas de emprego, a força impulsionadora deles ficará inutilizada.

A diversidade também é uma palavra-chave quando se trata da juventude. A nova geração é diversa em sua essência, seja em termos de gênero, raça, orientação sexual ou origem socioeconômica. No entanto, a maioria ainda enfrenta discriminação e preconceito em suas vidas diárias. A juventude clama por políticas públicas que promovam a inclusão e a igualdade, que valorizem a diversidade e combatam todas as formas de discriminação.

Laura também me trouxe uma preocupação em relação a Universidade do Distrito Federal (UnDF), a luta é antiga dos estudantes do DF e que mais uma vez é alocada no Plano Piloto, dificultando o acesso aos jovens das demais cidades do Distrito Federal. Durante os governos do PT, nós lutamos bravamente e conseguimos implantar os Institutos Federais em várias RA’s e os campus avançados da UNB. Isso sim é pensar no acesso de todos os jovens à educação, diferente da política do governo Ibaneis.

Estamos vivendo um momento de grande ruptura geracional e o Governo precisa acompanhar esse momento atual. A juventude precisa ser incluída nesse novo contexto, e o Governo Ibaneis Rocha não pode se fechar diante disso. Portanto, é fundamental reconhecer e valorizar a voz e o potencial dessa geração, oferecendo-lhes espaços de diálogo e participação ativa na construção de um futuro para uma juventude sonhadora, saudável e trabalhadora.

Por Chico Vigilante, com participação de Laura Gisler.