Pesquisar
Close this search box.
images-cms-image-000515612

A hora é de ocupar as ruas e resistir

O Brasil está vivendo ações semelhantes a dos tempos da ditadura militar. Sob o governo golpista a repressão voltou.

A ordem é reprimir – não apenas os que eventualmente depredam, o que é um minoria – mas, de forma covarde e indiscriminada a jovens, homens e mulheres, que saem as ruas exercendo o direito constitucional de liberdade de expressão e manifestação.

A quadrilha que tomou de assalto o país não esconde sua verve sanguinária. Temer deixou claro que não intenciona levar desaforo para casa. Que vai revidar.

Como a palavra golpe lhe dá urticária, e é repetida no país de norte a sul, ele autorizou a participação do Exército na repressão. A PM pra eles é pouco.

O candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014, aliado de Temer e Cunha na trama para tentar impedir que a Lava Jato os levem todos para a cadeia, também mandou seu recado.

O que Aécio Neves quis dizer com a última frase desta declaração: “Os petistas e os seus aliados escolheram uma narrativa da vitimização e do golpe. Por não ter amparo na realidade, tende a se dissipar, e se dissipará mais rápido, quanto mais efetivas forem as ações do governo” ?

Assim como insuflou a classe média alta a sair nas ruas para defender o impeachment, usando de todos os artifícios, inclusive o tempo na tevê destinado a seu partido, agora ele insinua que as manifestações vão se dissipar quanto maior for a repressão imposta pelo governo.

Contra direitos democráticos respondem com tropa de choque, bombas, cassetetes, jatos de água, prisões ilegais e transferências para presídios de presos sem julgamento e nem mesmo indiciados.

Os gritos de Fora Temer e Diretas Já não são ouvidos apenas no Brasil. Ecoaram nas capitais europeias e na América Latina, nos parlamentos, nos organismos interacionais, nos grandes jornais do mundo ocidental e oriental.

Símbolo histórico de lutas pela liberdade, igualdade e fraternidade, Paris diz muito. Neste final de semana milhares de pessoas com a presença de Caetano Veloso, ali entoaram Fora Temer.

A manifestação ocorreu na “Lavage de La Madeleine”, na igreja idealizada por Napoleão Bonaparte em 1806, cerimônia que ocorre anualmente na capital francesa inspirada na tradicional lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim, na Bahia.

Após o não reconhecimento do governo golpista de Temer e a retirada de embaixadores do Brasil por alguns países na semana passada, neste final de semana a onda de repúdio, declarado abertamente ou não, chegou ao seu clímax, na reunião de cúpula do G20.

O presidente não-eleito Michel Temer foi humilhado perante o mundo. Seu nome não foi citado na lista de presença do encontro do G20, que reúne as 20 maiores economias do mundo todos os anos.

No encontro de dois dias, realizado em Hangzhou, capital da província de Zhejiang, na China, no lugar de apresentar o nome de Michel Temer, a lista de participantes o elencou apenas como “líder brasileiro”.

Internamente, ao contrário do que querem os golpistas, a tendência das manifestações não é diminuir mas sim aumentar, diante da pauta de maldades do governo. Mais e mais pessoas por categorias trabalhistas, gênero, raça ou classe social baterão de frente com a realidade e reagirão.

Aposentados, pensionistas e seus familiares se unirão mais e mais aos manifestantes ao entenderem que o governo Temer pretende desvincular o reajuste das aposentadorias e pensões do aumento do salário mínimo, destruindo um dos maiores instrumentos de distribuição de renda deste país, que é a Previdência Social.

Se pensões e aposentadorias não mais acompanharem o aumento do salário mínimo 20 milhões de brasileiros serão massacrados literalmente.

Para quê? Para pagar os juros da dívida – hoje o maior instrumento de concentração de renda no Brasil.

Os trabalhadores de uma maneira geral se unirão aos manifestantes ao entenderem que o que Temer quer com o nome pomposo de flexibilização, ou o negociado prevalecer sobre o negociado, é, na verdade, uma armadilha, é rever direitos e garantias sociais acumulados ao longo dos últimos 80 anos, especialmente direitos e garantias previstos na CLT.

Homens e mulheres deste país que são democratas, mas que preferem manter sua zona de conforto, apoiando nas redes sociais, mas sem botar a cara na rua, reagirão se unindo aos manifestantes ao entenderem que, sem a união de todos, a mais perversa das pautas de Temer para o futuro do país vencerá:

Congelar por 20 anos as despesas correntes e de investimento da União, excetuando-se as despesas financeiras com o serviço da dívida pública.

O que significa isso para não iniciados em economia? Isso é congelar por duas décadas as despesas com saúde, educação, segurança pública, saneamento, infraestrutura, habitação, mas garantir o pagamento de juros, para os grandes banqueiros que vivem de juros.

Homens e mulheres, jovens e adultos vão cada vez mais ocuparem as ruas deste país e gritar Fora Temer, Diretas Já ao entenderem que se ninguém votou neste programa o governo Temer não pode empurrá-lo goela abaixo da Nação.

Ninguém votou pela privatização como regra e a alienação radical de todo o patrimônio energético, mineral, florestal, agrário, territorial, hídrico, fabril, tecnológico e aéreo do Brasil.

Depois da entrega do pré-sal, da venda de terras para os estrangeiros, vão entregar para grupos privados o que resta das estatais brasileiras, a preço de banana.

Não é a primeira vez que abutres tentam fincar suas garras sobre o Brasil. O imperialismo trabalha aqui em aliança com as elites locais.

O roteiro de dominação deles ao derrubar governos eleitos democraticamente é essa combinação explosiva de entreguismo com medidas contra os aposentados, os assalariados, os mais pobres, contra direitos e conquistas populares.

Essa estratégia alimenta as contradições de classe, em consequência, a luta de classes, a guerra civil, o caos. É isso o que querem. Assim fica mais fácil botar o Exército na rua, prender, bater, matar. Tudo em nome da ordem e do bem do Brasil.

Não vamos permitir que isso aconteça. O Brasil é nosso. Nossos direitos foram conquistados com muita luta e sangue. A democracia veio após anos de escuridão. Não vamos assistir calados aos golpistas burlarem a Justiça e destruírem o país.

A luta continua. Contra a repressão militar. Pela liberdade de manifestação. Por Diretas Já. Fora Temer e seu governo ilegítimo.

Mais Notícias