Não é a primeira vez que a imprensa estrangeira se antecipa à grande mídia nacional e pontua novos fatos na farsa do golpe contra Dilma.
Agora aponta o complô Temer/Cunha para salvar suas peles, a cada dia com maiores indícios de imersão total no mar de lama da corrupção.
Baseando-se a princípio no pressuposto de que os golpistas “estão determinados a impedir Dilma por razões ideológicas” o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, em artigo no The Intercept, conclui que “Temer tem atuado para salvar a pele de Cunha e se reúnem entre si e secretamente com os juízes que estão julgando os processos de corrupção”.
E isso só não vê quem não quer. Temer além de golpista e traidor acredita na impunidade e nem se preocupa em passar a imagem de um líder ético e digno, o que seria compreensível, por mais que saibamos que não é.
Tem confessado descaradamente que fala com regularidade “sobre conjuntura política” com Cunha, como se um presidente, mesmo que interino, pudesse ter questões a tratar com um réu, criminoso, com mandato parlamentar suspenso.
Na mesma direção, a de que o impeachment não passa de um golpe, a agência Associated Press pontuou que “ relatório de auditores independentes contratados pelo Senado brasileiro afirma que a presidente suspensa Dilma Rousseff não agiu na modificação da contabilidade de que foi acusada no julgamento de seu impeachment”.
A farsa do impeachment para destruir as conquistas sociais dos últimos anos e manter impune a corrupção da direita chega a sua evidência máxima neste final de junho, a menos de dois meses da votação final do processo no Senado Federal.
Para o jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, “é evidente a relação entre o rápido desfecho policial da delação de Fábio Cleto, ex-pupilo de Eduardo Cunha como representante da Caixa no Fundo de Investimentos do FGTS, e a nova fase da Operação Salva Cunha acertada no Palácio do Jaburu”.
A bomba com potencial para estragos de grande proporções com a delação premiada de Cleto foi entregue, desta vez ao jornal O Estado de São Paulo.
Segundo o jornal, Cleto relatou que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu propinas em 12 operações de grupos empresariais que obtiveram aportes milionários do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS).
Em depoimentos prestados à PGR, de acordo com o jornal, Cleto contou que Cunha cobrava comissões variáveis, de 0,3%, 0,5% ou até mais de 1% dos repasses feitos pelo fundo.
Aos procuradores da Operação Lava Jato, o delator contou que tinha reuniões semanais com ex-presidente da Câmara, em Brasília, para informar quais grupos buscavam apoio do banco público e definir quais Cunha preferia ter como alvos de corrupção.
Cleto informou que os encontros eram todas as terças-feiras, por volta das 7h30, no apartamento funcional do deputado e depois que Cunha assumiu a Presidência da Câmara, na residência oficial da Casa, no Lago Sul.
Para confirmar os encontros, Cleto indicou à PGR o nome do motorista da Caixa que o levava; entregou cópias de seus votos no comitê do FI-FGTS; e uma planilha com a “prestação de contas” do esquema, produzida pelo operador do mercado financeiro Lúcio Bolonha Funaro, preso na sexta-feira, 1/7.
Apesar do crescente escândalo, os tucanos, aliados do PMDB no processo de impeachment de Dilma, também não parecem interessados na cassação do ex-presidente da Câmara. Ou estariam de mão amarradas ?
Devem ter muito mais a esconder, do que tudo aquilo de mal feito conhecido há anos sobre Aécio Neves, Azeredo, FHC, Serra, Aloísio Nunes e seu bando. Até hoje impunes.
Reportagem do UOL “PSDB não vai se empenhar na cassação de Cunha”, nesta sexta, 1/07, afirma que o partido não trabalhará para que seus deputados votem pela cassação de Eduardo Cunha.
E pasmem : o discurso dos quadrilheiros é que Cunha não merece a condenação institucional da sigla porque prestou um “serviço relevante para o país” ao dar celeridade ao impeachment de Dilma Rousseff.
Tudo indica que Eduardo Cunha tem cartas nas mangas em relação a todos eles, principalmente a Temer que atua na mesma direção, porque se quisesse ou pudesse se livrar de Cunha, já o teria feito.
No toma lá, dá cá peculiar do bando que tomou de assalto o poder, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, não deverá mover uma palha em resposta à questão de ordem do PSOL para dar andamento à montagem da comissão de impeachment de Temer.
Sustenta que não lhe cabe indicar, à revelia dos líderes partidários, os integrantes para a comissão de impeachment do presidente interino.
Portanto, se os líderes não indicarem ou se o STF não determinar – o que provavelmente acontecerá – as possibilidades de um impeachment de Temer são quase inexistentes.
A proteção de Cunha e de Temer parece ser do interesse de todos os corruptos envolvidos no golpe. Ou seja, serão as atuais delações apenas a ponta de um iceberg?
Os brasileiros que lotaram as ruas deste país contra a corrupção há dois anos devem agora voltar-se com força total contra esta trama para manter no poder o bando de Temer e garantir um Eduardo Cunha livre de cassação.
Esta é a hora da verdade. Esta é a hora da defesa e da radicalização de nossa democracia. É hora de união também.
Inclusive, é hora de voltar pra rua, daqueles que se manifestaram e bateram panelas pelo impeachment acreditando ser Temer a solução para os males do Brasil.
Todos eles devem, mesmo envergonhados e arrependidos, lutar para reorganizar a lambança que, inocentemente, ajudaram a iniciar. Ainda é tempo de optar por não ocupar o mesmo lugar reservado a Temer e sua turma: o esgoto da história.
CHICO VIGILANTE-Deputado Distrital do PT