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Participantes de sessão em homenagem à luta pela terra pedem que Lula seja libertado

A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o tema central das discussões na Sessão Solene em homenagem ao Dia Internacional de Luta pela Terra, realizada na noite desta segunda-feira, na Câmara Legislativa.

Para o deputado Chico Vigilante (PT), autor da iniciativa da realização do evento, a sessão foi realizada em um momento muito delicado da democracia brasileira, passados dezesseis dias da prisão de Lula.

“Um homem que teve a capacidade e a compreensão de casar a luta dos trabalhadores urbanos com os trabalhadores rurais, o presidente Lula. Que está preso, dentre outras razões, pela luta que desenvolveu na defesa para que os trabalhadores rurais tivessem direito à terra”, afirmou.

Chico avaliou que a perseguição aos movimentos sem-terra tem se intensificado com a ascensão ao poder dos golpistas, há dois anos. “Nos dois anos de golpe, nunca se assassinou tantos líderes da terra e dos movimentos rurais”, asseverou.

O coordenador nacional dos Pequenos Agricultores, Bruno Pilar, critica que existem duas velocidades na justiça brasileira: uma para o povo e outra para os poderosos. “Quando é para o povo, a justiça anda devagar. No entanto, quando é para os ricos, a velocidade é outra. Que justiça é essa que tem dois motores? Que acelera ou freia quando é a favor ou contra o povo”, disse.

Pilar avalia que o legado histórico da chacina de Eldorado do Carajás é levar a reforma agrária para todas as discussões. Ele afirma que ainda existe uma dívida histórica do Estado e da Justiça brasileiras com os trabalhadores rurais assassinados no Pará, mesmo passados 22 anos do massacre. “Esperamos que os próximos 22 anos no Brasil sejam de justiça social”, afirma.

Para Alessandra Farias Pereira, da Rede de Advogados Populares, o país vivencia um momento difícil na história em que o retrocesso à direita é grave ao passo de mandarem para a prisão uma liderança política sem provas, no caso do ex-presidente Lula.

Ela também avalia que o movimento sem-terra, principalmente, suas lideranças, sofre ações de criminalização após o golpe de 2016. A advogada destaca que há uma novidade legislativa ao enquadrar os movimentos sociais como organizações criminosas.

Para a presidente do PT no DF, deputada federal Erika Kokay, a terra tem de ser repartida. Para ela, a luta pela reforma agrária se faz presente em todos os movimentos. “Lutar pela terra é lutar pela justiça. E lutar pela terra e pela justiça, é dizer em alto e bom som que Lula tem que ser liberto”, afirmou.

O coordenador regional do MST, Janderson Barros, contou que, neste ano, durante as realizações do “Abril Vermelho”, o movimento foi para as ruas para defender o ex-presidente Lula. “O MST deu as caras. Nós mobilizamos mais de 15 mil pessoas mobilizadas em 50 pontos. Não podemos deixar isso calado. Eles querem acabar não somente com a figura de Lula, mas com a figura de sonho e de liberdade, de colocar o pobre no orçamento público”, afirmou.

Para Rodrigo Britto, presidente da CUT Brasília, a unidade na luta entre os trabalhadores do campo com os da cidade se faz necessária. “Estamos em uma sociedade com diferentes visões das lutas. Em que trabalhadores criminalizam a luta de outros trabalhadores. É uma inversão da lógica”, afirmou.

O secretário de Política Agrária da Contag, Elias Triângulo Borges, enalteceu o projeto dos presidentes Lula e Dilma de combate à fome e à miséria para inclusão social. Para ele, a luta dos trabalhadores rurais pelo acesso à terra “é mais do que justa pois é para quem trabalha nela”. Ele recordou que no ano passado, morreram 70 trabalhadores e trabalhadoras na luta pela terra, números que nos Governos Lula e Dilma foram mais baixos.

Para o distrital Wasny de Roure, a luta pela terra é de todas as organizações. “Hoje, fazer esse debate, é vivenciar o cenário que presenciamos com aquele que foi o grande defensor da reforma agrária e que está preso com absoluta insuficiência de provas e acusações levianas por parte de aqueles que acreditam que se faz política cerceando a liderança do companheiro Lula diante das derrotas que eles estão sofrendo no meio do povo brasileiro”, afirmou.

A presidente do Sindicato dos Professores, Rosilene Correia, recordou que os trabalhadores rurais vivem essa realidade de briga pela terra desde os tempos de Brasil Colônia. Ela também avalia que o país vivencia um momento duro. “Infelizmente, essa pátria tem sido atingida no decorrer dos anos em que 2% de proprietários detém cerca de metade das terras produtivas no Brasil”. Na opinião da sindicalista, os governos Lula e Dilma não conseguiram realizar a reforma agrária por completo devido a um Congresso formado por uma grande bancada de latifundiários.

22 anos do massacre – No dia 17 de abril de 1996, uma ação da Polícia Militar do Pará, na BR-155, em Eldorado do Carajás, assassinou 21 camponeses e expôs para todo o país a questão da violência no campo contra aqueles que lutam pela Reforma Agrária.

Até hoje, ainda há participantes do massacre que não foram punidos. Em memória destes companheiros mortos, é realizado todos os anos o “abril vermelho” e, desde 2002, no dia 17 de abril, é celebrado o Dia Internacional de Luta pela Terra.

Durante todo o mês de abril, o MST realiza jornadas de lutas com ocupações, marchas e atos pelo país inteiro, para pressionar o governo a priorizar a pauta da Reforma Agrária e honrar a memória daqueles que perderam suas vidas na luta pela terra.

 

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