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NO JUDICIÁRIO TEM MUITA GENTE HONESTA, MAS TEM MUITO MAU CARÁTER

Lula disse que no Judiciário tem “gente mau caráter” e que se voltar à presidência vai “ver como reformar isso”.

Muito bem. Creio que grande parte da sociedade brasileira pensa e quer o mesmo.

Chega de compactuarmos com a existência de castas intocáveis repletas de privilégios.

A elite brasileira que foi para a rua fantasiada de pato, entre ela juízes, procuradores e desembargadores, combate o bolsa família mas se agarra a privilégios como o auxílio moradia, muitas vezes recebido de forma irregular.

O Bolsa Família, com menos de 0,5% do PIB do país, complementa a renda de 14 milhões de famílias brasileiras.

Atacar  o Bolsa Família é uma imbecilidade. Balanço de dez anos do Bolsa Família feito pelo IPEA em 2016, afirma que o programa tem um dos menores custos entre os chamados programas de transferências sociais, mas é o que tem o maior efeito multiplicador sobre a economia.

O recente levantamento divulgado pelo Senado apontando que a União gastou R$ 817 milhões em 2017 e R$4,3 bilhões nos últimos 8 anos com o pagamento de auxílio-moradia para servidores públicos dos três poderes é um dado que estarrece o Brasil.

Pego com a boca na botija, Moro, proprietário de imóvel na cidade onde mora e trabalha, declarou ao jornal O Globo— que o auxílio-moradia que recebe compensa a falta de reajuste dos vencimentos desde 1 de janeiro de 2015 e que, pela lei, deveriam ser anualmente reajustados.

Ora, ora, Moro defende saídas para a falta de aumento dos juízes e dá um jeito de compensá-lo com outro rendimento.

No entanto, neste país de golpistas, defendidos por ele, quando o trabalhador quer aumento e faz greve é punido pela justiça e obrigado a voltar ao trabalho sob pena de multas altíssimas aos seus sindicatos.

Se ficar sem reajuste fosse motivo para o recebimento de vantagens indevidas, os professores, os médicos, os vigilantes do serviço público também deveriam recebê-los, porque muitos estão sem reajuste faz tempo.

É bom deixar claro que a Resolução 199 do Conselho Nacional de Justiça determina que o auxílio moradia é “pago indistintamente a todos os magistrados”, mas SOMENTE aos que o requerem, devendo inclusive o requerente declarar que não possui cônjuge com o mesmo benefício.

Ou seja, o auxílio moradia não caiu na conta de Moro como um direito líquido e certo. Ele requereu o benefício, mesmo tendo imóvel próprio em Curitiba.

O valor pago com auxílio moradia nos últimos oito anos no Brasil para servidores de altos salários daria para construír 86 mil casas populares, a um custo médio de 50 mil reais cada, beneficiando 344 mil pessoas.

Para Moro provavelmente é mais importante atender aos cerca de 18 mil juízes de direito, desembargadores e ministros das cortes superiores com seus auxílios moradia do que atender a 344 mil pessoas necessitadas.

Juiz Moro, o auxílio moradia pode até ser, ainda, legal em alguns casos, mas não no seu. No seu, essa vantagem é além de ilegal,  amoral.

Chico Vigilante, deputado distrital (PT-DF)