Por iniciativa do deputado distrital Chico Vigilante (PT), a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou na noite desta terça-feira (30) uma sessão histórica para entrega do título de cidadão de Brasília ao advogado José Oscar Pelucio. O evento, realizado em um plenário repleto, foi marcado por homenagens emocionadas de vários políticos, sindicalistas, magistrados, juristas, acadêmicos e trabalhadores das mais diversas categorias que aproveitaram para recordar o trabalho de Pelucio na capital do país.
O deputado Chico Vigilante (PT) relembrou momentos da atuação de Pelúcio desde a primeira greve realizada pelos vigilantes em Brasília, nas reivindicações para garantia de direitos da categoria. O distrital também contou um pouco da trajetória do advogado, perseguido e torturado pela ditadura militar e o incansável trabalho que ele desenvolveu ao longo de décadas, em defesa dos trabalhadores.
“Estou muito feliz de podermos fazer-lhe essa homenagem porque você é um herói da classe trabalhadora brasileira por tudo o que você fez por todos nós, José Oscar. O que você fez pelos vigilantes foi o mesmo que fez pelos trabalhadores da construção civil, pelos professores do DF, a mesma prática que levou para dentro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Portanto, meu amigo, esse título é o reconhecimento que você tanto merece”, destacou Vigilante.
Justiça social – Também o sindicalista, ex-ministro da Casa Civil do Executivo Federal e ex-secretário do DF Swedenberger Barbosa chamou a atenção para as qualidades do homenageado e disse que, além de inspiradora, a vida de José Oscar tem um significado grande “em prol da democracia, da justiça social e das lutas dos trabalhadores sem nunca ter errado de lado”. “O fato de estarmos aqui já mostra o quanto ele é especial, por reunir tantos amigos, tantas pessoas de diferentes formas e diferentes níveis, o que deve nos levar a fazer uma reflexão profunda sobre o momento em que vivemos no país”, afirmou.
Autor da biografia do homenageado, intitulada “Histórias de um Bom Comunista”, Luiz Figueiredo Motta agradeceu a todos que puderam contribuir para que ele pudesse descrever, por meio do trabalho – lançado durante coquetel logo após o evento – a intensa e rica trajetória do advogado. Contou que ele e sua família “abriram a casa e o coração” para ele.
Quase veneração – O ex-ministro José Dirceu, outro presente à homenagem, afirmou que José Oscar “sempre foi uma lenda” e que durante anos difíceis encontrou na casa do amigo apoio e acolhimento que o ajudaram a superar muitas dificuldades. “Quero deixar registrada essa quase veneração que tenho pelo José Oscar. Espero que todos nós possamos educar nossos filhos passando como exemplo a história de luta e vida do José Oscar, assim como a forma como ele sempre agiu e atuou”.
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence também destacou várias qualidades do advogado e lembrou da amizade que nutrem um pelo outro, iniciada ainda na década de 50 quando ambos vieram morar no Distrito Federal. Já o deputado distrital e candidato a governador do DF Leandro Grass (PV) agradeceu ao homenageado por “advogar não apenas nas causas processuais, mas nas causas do povo brasileiro, pela defesa da democracia, pelo fato de ter dedicado sua vida ao compromisso de defender a liberdade, os trabalhadores e a dignidade das pessoas do pais”. “Considero um dos momentos mais importantes desta casa legislativa a oportunidade que estamos tendo hoje de homenagear um brasileiro como o senhor”, enfatizou. Grass.
“Grande companheiro” – O ministro do STF Dias Toffoli, disse considerar uma alegria contar com o apoio, diligência e “puxões de orelha” que recebe vez por outra do homenageado. Toffoli também lembrou o fato dele ser alguém “que cultivou a vida inteira a mesma força, o mesmo carinho pelas pessoas e a mesma generosidade para com todos”. A esposa do advogado, professora Eva Weiss, agradeceu pela homenagem em nome da família e contou que muitos filhos, netos e bisnetos viajaram de outros estados a Brasília para participar da sessão. “Além de tudo o que já disseram aqui, quero afirmar que tenho orgulho de conviver há mais de 60 anos com um homem que também sempre foi grande companheiro e pai muito amoroso”, acentuou.
Emocionado, José Oscar, que também completou ontem 93 anos de idade ontem, disse que se sentia muito honrado e relatou períodos em que foi preso, perseguido pela ditadura, atacado fisicamente, demitido dos vários sindicatos onde trabalhava por pressão do regime e as tantas outras dificuldades que enfrentou. “Mesmo tendo passado por tanta coisa, continuei na luta e nem por isso deixei de lutar. Esta tem sido a minha vida”, afirmou, em meio a aplausos.
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