VIGILANTES TRATADOS COMO ESCRAVOS

Recebi, hoje cedo, o desabafo de um vigilante que trabalhou, no fim de semana, no famoso evento Capital Moto Week, que reúne motociclistas e amantes de motos de todo o País, na região da Granja do Torto, em Brasília. Quem esteve lá e viu todo aquele glamour de máquinas incrementadas, shows de música e desfile de grupos uniformizados com jaquetas de couro não teve a menor ideia de como os vigilantes são tratados por lá.

O SINDICATO DOS VIGILANTES DO DF está encaminhando a denúncia à Superintendência do Trabalho, ao Ministério Público do Trabalho e à Polícia Federal.

Leiam e compartilhem mais esse absurdo contra a categoria.

Chico Vigilante, deputado distrital (PT-DF)

Caro Chico,

Essa semana, trabalhei no Brasília Capital Moto Week 2017, na Granja do Torto, como segurança, e pude constatar a falta de consideração e respeito que se sucedem nesse tipo de evento. Nós, vigilantes, somos discriminados, esquecidos nos postos e, em muitos aspectos, tratados como animais dependentes da vontade dos outros.

Apesar de sermos obrigados a chegar muito cedo, ficamos até 12 horas nos postos, em pé, sem água e sem lanche. Toda alimentação que nos foi dada resumiu-se a uma marmita de almoço, de péssima qualidade, ruim e fria, coberta com um arroz com gosto de queimado.

Além disso, fomos obrigados a ficar debaixo do sol, fiscalizados por “coordenadores” que a toda hora vinham verificar se estávamos nos postos, mas incapazes de trazer um copo de água para matar nossa sede. Por isso, tivemos que catar garrafinhas usadas no chão e enchê-las com água das torneiras dos banheiros, seguindo a recomendação dos próprios coordenadores. Não havia outra opção: a garrafa de água mineral, no evento, custava 5 reais, e os lanches também eram muito caros para quem, como nós, recebemos 100 reais pelo dia de trabalho – um pagamento que só irá sair 10 dias após o evento. Ou seja, tivemos que nos virar por conta própria.

Como não fomos escalados para todos os dias, essa falta de pagamento imediato fez da vida de muitos um inferno, porque nem todos tinham dinheiro para pagar a condução. Muitos vieram para o Capital Moto Week, mas tiveram que pegar dinheiro emprestado para voltar para casa. A empresa de segurança envolvida no evento é a Dragon.

Sem falar no grupo de brigadistas despreparados. Para se ter uma ideia, vários brinquedos infláveis desmoronaram com o vento forte e algumas crianças se machucaram. Uma delas teve dois cortes na cabeça, o que obrigou a direção do evento a interditar o local e desmontar os brinquedos. Como estávamos trabalhando sem rádio transmissor, os pais vieram nos cobrar, achando que éramos, também, brigadistas. Um horror e uma esculhambação.

Esse é meu desabafo, porque está cada vez mais difícil a vida de vigilantes que fazem serviço de segurança, uma exploração total!

Abraços