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MENTIRAS HISTÓRICAS

A mídia já cometeu barbaridades que entraram para a história, mas não costuma realizar autocrítica de análises fatalistas sobre os destinos do país, ou de jogar na lama o nome de homens que conquistaram um lugar na luta pela democracia

Fatos montados como reais para atender a interesses escusos somente com o tempo são esclarecidos. Mas nem sempre isso acontece. Muitos deles destroem vidas, governos, e até mesmo uma Nação inteira pode vir a sofrer em consequência da montagem de uma cadeia de repercussão irresponsável.

O cidadão brasileiro deve refletir diariamente sobre o papel da grande imprensa. É necessário entender a real intenção da mídia comercial com as previsões agourentas sobre o Brasil, a maioria delas não concretizada, como o apagão de energia, a inflação muito acima da meta, e o caos que teoricamente se instalará no país durante a Copa do Mundo.

As capas de Veja e Época e o colar de tomates usado por Ana Maria Braga em seu programa, para aterrorizar as donas de casa de todo o país com o fantasma da volta da inflação, entrou para a história como uma das tentativas mais ridículas de generalizar um problema simplesmente sazonal.

Cada um de nós é responsável pelo que ocorre no país e não apenas o governo. Devemos nos lembrar principalmente de olhar para nossa participação individual nas mídias sociais. Antes de repetir automaticamente, analisar as razões das teses de terrorismo econômico da direita travestida de jornalistas.

A mídia brasileira já cometeu barbaridades que entraram para a história, mas não costuma realizar autocrítica de seus erros, de análises fatalistas sobre os destinos do país, ou de jogar na lama o nome de homens que conquistaram um lugar na luta pela democracia no Brasil.

Se analistas da imprensa nacional forem tentar se desculpar por previsões equivocadas ou maldosas que já fizeram levariam meses fazendo isso. Um destes episódios aconteceu, jocosamente, dia 1 de abril de 2002, no meu estado, o Maranhão e derrubou a governadora Roseana Sarney, filha de José Sarney que começava a surgir como alternativa real à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.

Roseana renunciou após uma operação da Polícia Federal na empresa Lunus Participações, da qual era sócia, administrada pelo marido Jorge Murad Júnior, onde foram apreendidos R$ 1,3 milhão. A justificativa para a existência da soma no local foi a de ser data de pagamento de pessoal. Nunca se provou o contrário e Roseana .se candidatou, se elegeu e assumiu como senadora em fevereiro de 2003.

Como já disse em artigo anterior, diante de cada fato é necessário se perguntar a quem interessa que qualquer fato pareça verdade. José Serra, candidato à Presidência da República pelo PSDB, necessitava na ocasião agir contra a candidatura própria do PFL. Com efeito, após o escândalo, o partido desistiu de lançar candidato e decidiu apoiar o tucano.

Minha avó dizia que toda mentira tem perna curta. Anos mais tarde, os principais interessados no afastamento de Roseana na presidência, os tucanos e José Serra, passaram a dormir com o sono agitado. Estavam preocupados em saber se Carlos Cachoeira iria entregar, na CPMI, que foi ele um dos autores da denúncia contra Roseana Sarney em 2002.

Tucanos graúdos passaram a agir nos bastidores para impedir que Cachoeira revelasse, na CPI, que sua equipe de arapongas participou dos grampos realizados pela Polícia Federal contra Roseana.

A questão da mentira montada é tão recorrente na história que a questão é objeto da academia. Quando a mídia vira escândalo político, livro do jornalista Edgar Leite, publicado pela Editora Multifoco, traz uma discussão sobre o papel da imprensa na cobertura dos fatos políticos, ao analisar dois grandes escândalos políticos que marcaram o início dos anos de 1990.

Em 1991, governo de Fernando Collor, o então ministro da Saúde, Alceni Guerra, foi acusado de superfaturar a compra de bicicletas que seriam utilizadas para ajudar no combate à dengue. O ministro respondeu por corrupção, mas comprovou-se que a imprensa cometeu equívoco ao acusá-lo sem provas.

O outro caso refere-se ao então presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro, em 1993. Após conduzir o processo de impeachment contra o ex-presidente Fernando Collor, foi acusado em CPI de fazer parte da “máfia dos anões do orçamento”, e teve seu mandato cassado pela Câmara sendo condenado a ficar afastado da vida pública por oito anos.

Em 2000, o STF arquivou o processo em que era acusado de sonegação fiscal. Após a retomada de seus direitos políticos em 2002 perdeu as eleições para deputado federal, se elegendo dois anos depois o vereador mais votado de Porto Alegre.Em 2006, foi eleito novamente deputado federal.

O caso foi “um dos maiores libelos contra os procedimentos irresponsáveis de nossa imprensa nos idos de 1992-93”, segundo Alberto Dines; e “o maior escândalo da história do jornalismo brasileiro do final do século passado”, de acordo com Ricardo Noblat.

A Revista Isto É produziu em 1984 a respeito do assunto a reportagem “Como o mau jornalismo transformou US$ 1 mil em US$ 1 milhão e levou à cassação de um forte candidato a presidente do Brasil – Ibsen Pinheiro, ex-presidente da Câmara dos Deputados, estampando na capa o título Massacrado, em 18/8/2004.

Segundo a socióloga Vera Chaia, professora do Departamento de Política e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC-SP, o livro Quando a mídia vira escândalo político revela as “artimanhas do poder” e a cobertura enviesada de alguns meios de comunicação, como também destaca que a consequência imediata do escândalo para o político é o prejuízo à reputação dos indivíduos envolvidos.

É hora de dizer não aos jogos de poder, aos corvos alarmistas, inimigos do Brasil. Chega de mentiras. Absolutamente, o país sob os governos petistas não está à deriva como querem fazer parecer.