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Terceirização sem limites: Seguranças de evento denunciam descaso em jogo no Mané Garrincha

Menos de uma semana após a aprovação da Lei da Terceirização, os trabalhadores já começam a sentir na pele os impactos nocivos da terceirização sem limites. Ontem, no jogo do Campeonato Carioca disputado entre Vasco e Flamengo, no Estádio Mané Garrincha, centenas de seguranças de evento contratados para a segurança interna trabalharam por dez horas ininterruptas e sofreram para receber o pagamento da diária. Pior, a diária foi paga em valores menores do que a convenção coletiva determina em um caso de quarteirização do serviço.

O mando de jogo foi vendido para uma empresa de Goiânia especializada em eventos esportivos. Esta empresa paga as cotas dos clubes – estimadas em R$ 500 mil, as taxas das federações e custos diversos, como viagens, seguranças e funcionários envolvidos nos jogos. De acordo com relatos, a empresa Luda foi contratada para realizar a segurança do jogo. No entanto, esta empresa subcontratou a empresa brasiliense Dragon para realizar a segurança interna do estádio.

A denúncia chegou às mãos do deputado Chico Vigilante que não gostou do viu. O distrital esclarece que pela convenção de trabalho eles teriam que receber R$ 134,42, mais auxílio transporte a alimentação. No entanto, por dez horas de trabalho, a empresa somente pagou R$ 120 e forneceu biscoitos industrializados, duas frutas e uma garrafinha de refrigerante.

“É uma situação absurda. Eu e o sindicato vamos encaminhar denúncia ao Ministério Público do Trabalho requerendo a urgente convocação do sindicato das empresas e as próprias prestadoras de serviços de eventos”, afirmou.

O parlamentar também suspeita de contratação de pessoal não qualificado para o serviço. Por esta razão, ele e o sindicato irão acionar a Polícia Federal e a Superintendência do Trabalho para providências.

O relato dos contratados, por si só, é cansativo. Eles contam que chegaram ao Estádio Nacional Mané Garrincha às 13h, cinco horas e meia antes do início da partida. Às 15h, os seguranças foram direcionados para os postos de trabalho. O jogo teve início às 18h30.

Os seguranças ainda deram azar que, devido à incompetência do GDF em promover um evento esportivo de grandes proporções, o jogo ficou paralisado por cerca de dez minutos por falta de energia elétrica no estádio o que motivou mais atrasos.

Via-crúcis para receber as diárias
Às 20h50, com o jogo encerrado, os seguranças se dirigiram a uma fila formada para o pagamento das diárias. No entanto, também o recebimento atrasou por cerca de duas horas porque a empresa Luda demorou para chegar.

“Geralmente isso não acontece com a empresa Dragon mas hoje como teve outra empresa complicou”, relatou um segurança.

Os seguranças também estranharam o modo utilizado pela empresa goiana para realizar o pagamento. Ao invés de realizar um cadastramento prévio com documento de identidade ou crachás, a Luda distribuiu pulseiras aos subcontratados como forma de identificação para o pagamento.

Enfim, após um dia de verdadeira luta e após cerca de dez horas de trabalho em pé, os pagamentos começaram a ser realizados pouco antes da 11h da noite.

“Seguranças desempregados, que dependem de eventos, são desprezados esquecidos e humilhados. Revoltante ver meus companheiros desesperados gritando depois de horas em pé na fila depois de um dia cansativo de trabalho”, desabafou o segurança.

Chico Vigilante resumiu toda essa situação degradante em apenas uma frase. “É o retrato da terceirização sem limites no Brasil”.