Por Chico Vigilante
Deputado distrital (PT/DF)
Ser mãe é, muitas vezes, um ato de resistência. Num país marcado por profundas desigualdades sociais, as mães — especialmente as mães solo e trabalhadoras — seguem sendo a base de sustentação das famílias, das comunidades e, por que não dizer, da própria sociedade. No DF, mais de 800 mil mulheres se declaram mães, o que corresponde a cerca de 60% das mulheres adultas, segundo a Codeplan. São elas que seguram as pontas quando o Estado falha, que alimentam os filhos com pouco, que enfrentam jornadas duplas ou triplas de trabalho, e que ainda assim carregam nos olhos a esperança de dias melhores.
A maioria das mães do DF está entre 30 e 49 anos e vive nas regiões mais populosas e, muitas vezes, mais vulnerabilizadas do território, como Ceilândia, Samambaia e Planaltina. Nesses locais, a realidade é dura: o acesso à creche pública é escasso, o transporte é precário, e a segurança pública é falha. Muitas dessas mulheres são chefes de família, isto é, são elas que colocam o pão na mesa, que pagam o aluguel, que cuidam dos filhos — tudo ao mesmo tempo e quase sempre sozinhas.
O Censo de 2022 do IBGE revelou que cerca de 20% dos lares no DF são chefiados por mulheres sem cônjuge. Em regiões como Ceilândia, esse índice é ainda maior. São as chamadas mães solos — mulheres que, apesar da invisibilidade social e da sobrecarga, seguem de pé, criando seus filhos com dignidade. A elas, a sociedade deve respeito. E mais que isso: deve políticas públicas efetivas, contínuas e sensíveis às suas realidades.
A maternidade também enfrenta desafios no campo da saúde. O DF registra cerca de 40 mil partos por ano em hospitais públicos, e programas como o Mãe-Bebê, do GDF, são importantes, mas ainda insuficientes para atender toda a demanda com o cuidado e a humanização que cada mãe merece.
Foi pensando na saúde preventiva da mulher — em especial das mães que muitas vezes não têm tempo ou recursos para se cuidar — que apresentei a Lei nº 3.698/2005, que determina a obrigatoriedade da instalação de aparelhos de ecografia mamária, ecografia transvaginal e mamografia nas unidades mistas de saúde do Distrito Federal. Com isso, buscamos garantir que as mulheres tenham acesso a exames preventivos fundamentais para o diagnóstico precoce do câncer, aumentando a expectativa e a qualidade de vida. Prevenir é um ato de cuidado. E cuidar das mães é cuidar do futuro.
Sabemos que muitas dessas mulheres dependem de programas sociais como o Bolsa Família, política histórica criada nos governos do PT e retomada com força no terceiro mandato do presidente Lula. O programa, que voltou a considerar o número de filhos, é um alívio no fim do mês para milhares de mães solo, mas é apenas um passo. É preciso mais. É urgente investir em creches públicas, garantir o direito ao emprego digno, fortalecer os serviços de saúde da mulher e apoiar economicamente quem sustenta a casa sozinha.
Como parlamentar, reafirmo meu compromisso com as mães do Distrito Federal. Nosso mandato continuará lutando por justiça social, por mais investimento nas periferias, por mais oportunidades para as mulheres e por políticas públicas que enxerguem cada mãe não como número, mas como cidadã de direitos.
Neste mês das mães, deixo minha homenagem e meu respeito profundo a todas vocês que, mesmo quando o mundo pesa, seguem firmes, amorosas, corajosas e fortes. Vocês são o coração pulsante deste país.