Representantes de várias categorias homenagearam vigilantes durante sessão da CLDF

Realizada na noite desta segunda-feira (20) por iniciativa do deputado distrital Chico Vigilante (PT), a sessão solene da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) de homenagem aos vigilantes foi marcada por muita emoção e contou com a presença de profissionais de várias categorias. Isso porque, além dos vigilantes, também compareceram à Casa parlamentares, políticos e dirigentes sindicais de outros setores – dentre os quais representantes da CUT, Sindserviços e Sinpro.

Chico Vigilante iniciou a sessão contando a história da associação criada pelos vigilantes de Brasília na década de 70 e que culminou com a criação do sindicato dos vigilantes, pouco tempo depois. “Tenho orgulho de ver o crescimento desta categoria, que lá atrás era invisível, pois não tínhamos nem nome, éramos os ‘guardinhas’, os ‘vigias’.  Hoje somos vigilantes. Conseguimos conquistar vários direitos e temos orgulho da profissão”, destacou ele.

A deputada federal Erika Kokay (PT) louvou a categoria e disse que sabe exatamente como os vigilantes trabalham em conjunto com várias profissões, principalmente os bancários. “As agências bancárias não podem agir sem a proteção dos vigilantes. Eles protegem patrimônios, mas principalmente protegem vidas. Os vigilantes que trabalham em hospitais por exemplo, só faltam atender, porque organizam filas e colaboram com várias atividades nestas unidades. Desempenharam um grande papel durante a pandemia”, destacou.

De acordo com Erika, os vigilantes são, portanto, “profissionais fundamentais para que possamos entrar em qualquer lugar com muita tranquilidade”. “Sem falar que o sindicato dos vigilantes do DF é um sindicato que orgulha cada um de nós. É uma entidade de luta, mas que também sabe negociar e construir pilares básicos de qualquer luta”, afirmou.

OLHAR PARLAMENTAR – A presidente do Sindiserviços, Maria Isabel Caetano, disse que deve muito a parlamentares como Chico Vigilante na CLDF; Erika Kokay, na Câmara dos deputados; e Paulo Paim (PT-RS) no Senado – este último, autor de vídeo onde deixou uma mensagem para os vigilantes durante a sessão. Segundo Isabel, esses parlamentares são, na verdade, “sindicalistas que olham como parlamentares para todos os trabalhadores, não apenas para suas categorias”. “Por isso eu fiz questão de participar dessa homenagem”, frisou. Isabel disse que sua categoria tem uma gratidão eterna pelos vigilantes, que são “um exemplo para o Sindserviços”.

A vigilante e corredora Antonia Sandra Aragão, ganhadora de 73 medalhas em competições, contou sua trajetória ao mesmo tempo em que falou sobre a profissão de vigilante. Ela cursou todas as extensões para a profissão, mas passou por vários percalços. Era camelô na Ceilândia quando resolveu mudar de vida, saindo com um currículo embaixo do braço para pedir emprego.

IMPORTÂNCIA DA PROFISSÃO – “Muitas vezes chorei sozinha. Hoje posso dizer que sou corredora e tenho orgulho dos meus troféus, mas meu maior orgulho é quando digo no que trabalho e mostro meu crachá”, ressaltou. Antonia, que é formada em gestão de segurança privada, destacou ainda que “ser vigilante, para mim, é ter amor à profissão e ter muita sabedoria, porque existem horas em que não podemos fazer uso da força”.

O presidente do Sindicato dos Vigilantes do DF, Paulo Quadros, destacou o crescimento da mobilização da categoria com o tempo, citou as conquistas obtidas ao longo dos anos e afirmou que uma coisa que aprendeu com a entidade é que o sindicato dos vigilantes não é atualmente uma entidade apenas dos vigilantes e sim de todos, como os professores, bancários e trabalhadores terceirizados. “Atuamos em conjunto”, enfatizou.

“Se tiver uma paralisação na área de saúde, vai parar parte do atendimento dos hospitais, uma paralisação nos bancos, provoca paralisação nos bancos. Se acontece uma greve nas escolas, estas não funcionam mais. Os vigilantes, portanto, estão em todos os lugares. Tenho muito orgulho desses profissionais. Somos profissionais que já sofremos muito, temos ainda muito pelo que lutar, mas ganhamos reconhecimento e obtivemos conquistas valiosas após muita luta”, disse.

RELEVANTES, MAS INVISIBILIZADOS – Representante do Sindicato dos Professores do DF, a professora Rosilene Correa também destacou a importância dessa classe trabalhadora e também de existirem representantes dos trabalhadores no legislativo, seja a CLDF ou o Congresso Nacional. “Temos de admitir o quanto os vigilantes são relevantes, mas o quanto são, também, invizibilizados até hoje no país. São eles que cuidam de nós, de nossa segurança e muitas vezes não recebem nem um bom dia. Temos que atuar para mudar isso”, afirmou.

Chico Vigilante lembrou que neste dia de homenagem, é importante refletir, durante a sessão, sobre 67 vigilantes que perderam a vida por Covid-19, em boa parte devido à negligência do Estado. “São companheiros que poderiam estar aqui, caso tivessem sido vacinados. Quando começou a vacinação dos vigilantes, não perdemos mais ninguém por Covid”, afirmou. Ele destacou também a questão da aposentadoria especial, pleito pelo qual os vigilantes pretendem lutar numa ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).