A cidade de Ceilândia completa nesta quinta-feira (27/03) seu 43º aniversário, como a maior região administrativa do Distrito Federal, com 16% da população e cerca de 400 mil habitantes. Criada a partir da transferência de moradores de favelas que surgiam por toda Brasília, a cidade tem como característica maior a luta de sua população, simbolizada na Caixa D’Água e na Feira Central.
O nome da regional veio da sigla CEI, que significava Campanha de Erradicação de Invasores, que foi um programa do governo da época para acabar com o problema na IAPI; das vilas Tenório, Esperança, Bernardo Sayão e Colombo; dos morros do Querosene e do Urubu; e Curral das Éguas e Placa das Mercedes, invasões com mais de 15 mil barracos e mais de 80 mil moradores. Daí o nome Ceilândia.
No dia 27 de março de 1971 o governador Hélio Prates lançou a pedra fundamental, onde hoje fica a Caixa D’Água, para construção da nova cidade e os primeiros moradores foram trazidos de caminhão para o local, para o local, onde hoje é a QNM23. No conjunto “P”, lote 12, Ceilândia Sul se instalou a primeira moradora a senhora Edite Martins, mãe de três filhos menores à época.
Ao todo, a transferência das famílias levou nove meses. Nos primeiros tempos foi marcada por dramas. A população carecia de água, de iluminação pública, de transporte coletivo e lutava contra a poeira, a lama e as enxurradas.
Símbolos da resistência de um povo, a Caixa D’Água de Ceilândia, inaugurada em 1974, foi tombada como Patrimônio Histórico do Distrito Federal em novembro de 2013, dois anos depois do pedido da população feito à Secretaria de Cultura. Ao redor dela os moradores, que andavam antes da inauguração, quilômetros em busca de água, resistiram e ergueram a cidade.
Mesmo diante de obras de maior envergadura, o que hoje é um monumento para a população ceilandense, continua a se destacar e orgulhar as pessoas que moram na região, que a tem como referência para tudo. Quando foi inauguração a Caixa D’Água foi realizada uma festa. As pessoas se juntaram em torno do local e as crianças brincavam sob jatos de água.
A Feira de Ceilândia, ao lado da Casa do Cantador, simboliza a cultura nordestina, a maior fatia da população que ainda é formada em grande parte por mineiros. Na feira é possível encontrar de tudo: comida, roupas, brinquedos, calçados, restaurantes e tantos outros artigos. Lá, segundo o presidente da associação que rege os feirantes, senhor França, se tornou ponto de encontro de famílias inteiras, que vêm do nordeste e marcam o local como ponto de encontro. Pelo sistema de som pedem para anunciarem que estão ali e realizam encontros emocionantes a cada final de semana.
A Feira Central era dividida em três pequenos centros comerciais: uma no centro de Ceilândia, a segunda onde fica hoje a Feira da Guariroba/P Sul e a terceira na extinta vila do Pedrosa, na região norte da cidade.
Ao longo dos quase 28 anos de existência, os comerciantes puderam acompanhar o crescimento do fluxo de vendas e a partir daí sonhar com dias melhores, não só para suas finanças, mas para seus familiares.
A Feira Central conta hoje com 463 bancas, distribuídas no comércio em confecções, bolsas, sapatos, queijos, doces, ervas, tabacarias, temperos, utensílios para o lar, açougues, peixes e verdurões.
A Casa do Cantador foi um presente do gênio Oscar Niemeyer, que a projetou. Ela recebe, especialmente, festivais e apresentações de artistas do cancioneiro nordestino, mas está sempre de portas abertas para outras culturas.
Em especial, a música tem revelado muitos talentos dos mais variados estilos. Artistas como Ellen Oléria, Nego Willian, o grupo de Hip Hop Tropa de Elite e DJ Jamaika, que por muitos anos foi referência nacional do gênero conhecido como RAP.
O Hospital de Ceilândia, onde tantas pessoas que ainda moram na cidade nasceram, passou por reformas, mas a grande demanda pediu algo maior. Ceilândia inaugurará, nos próximos dias, a maior Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do País e que, assim como o hospital regional, atenderá pessoas de todo o Distrito Federal e do Entorno, que por falta de investimentos em saúde em seus municípios acabam tendo que procurar o sistema da cidade.
A economia de Ceilândia também cresceu com a cidade. Hoje não são apenas as feiras que servem de referência para os consumidores. Lojas dos mais variados artigos, que vão desde vestuário a grandes lojas de eletroeletrônicos e hipermercados de bandeira nacional, concessionárias, fábricas, entre tantas outras iniciativas privadas, que vieram para a Ceilândia perceberam aqui um potencial muito maior do que o de centena de milhares de pessoas, mas de uma mão de obra de qualidade, com jovens, homens e mulheres, adultos e, por que não, idosos interessados em evoluir e conquistas seus objetivo.
O esporte também faz parte da rotina dos moradores da cidade. Dois times dividem o coração dos moradores: o Ceilândia e o Ceilandense, ambos criados por apaixonados pelo esporte mais popular do mundo. Os centros olímpicos cultivam novos talentos, que muito em breve estarão dando orgulho para a Ceilândia e para os brasileiros. Quadras poliesportivas localizadas em praticamente todas as entre quadras foram reformadas e campos de grama sintética estão sendo instaladas por toda a cidade.
A educação conta com escolas e creches por toda a cidade, já construídas e em fase de entrega. A Escola Técnica de Ceilândia e o Campus da Universidade de Brasília (UnB) são referências de profissionais que saem das salas de aula da cidade para o mercado de trabalho, que cada vez mais tem os procurado.
— Suzano Almeida