Com incentivo do deputado distrital Chico Vigilante, ex-reitora da UnB se filia ao PT
Na noite desta terça-feira, 29 de abril, o auditório do Diretório Nacional do PT, em Brasília, foi tomado por aplausos, abraços e emoção. Márcia Abrahão, ex-reitora da Universidade de Brasília (UnB) e uma das maiores referências nacionais na defesa da universidade pública, tornou-se oficialmente militante do Partido dos Trabalhadores. O gesto simbólico foi fruto de um convite direto do deputado distrital Chico Vigilante que, ao lado da ex-governadora Arlete Sampaio, articulou pessoalmente a filiação. O ato não foi apenas uma cerimônia formal, mas um reencontro com uma trajetória marcada pela luta, pela educação e pelo compromisso com a democracia.
A mesa do evento refletiu a diversidade e a força do PT, reunindo figuras históricas e parlamentares em exercício. O deputado Chico Vigilante emocionou a todos ao narrar os bastidores da articulação para a filiação. “Apareciam notas em jornais dizendo que tinha alguns partidos namorando a Márcia. Então um dia liguei para Arlete: ‘Está vendo, Arlete? Vamos conversar com a Márcia’. A Arlete marcou um café no fim da tarde na casa dela e fomos os dois conversar. A Márcia é uma pessoa doce, encantadora, que cativa, decidida e estamos precisando de pessoas como ela. E a Márcia agora faz parte da Nação Petista”.
O presidente do PT-DF, Jacy Afonso, destacou o papel histórico da UnB na luta pela redemocratização do país. “A gente viveu o processo de redemocratização, a luta pelas Diretas, a mobilização de estudantes junto à Universidade de Brasília, que se posicionou como agente de transformação na construção dos direitos e da democracia, elegendo o ex-reitor Cristovam Buarque”, afirmou. Cristovam Buarque foi o primeiro reitor da UnB eleito diretamente pela comunidade universitária após o regime militar, simbolizando a retomada da democracia na instituição. Já a ex-governadora do DF, Arlete Sampaio, celebrou a chegada de Márcia com admiração: “Márcia você é geóloga, está acostumada com pedreira. No PT você será uma referência fundamental para inspirar e atrair outras lideranças do meio acadêmico”.
A deputada federal Erika Kokay trouxe uma reflexão sobre o momento político que vivemos, marcado pela desinformação, pelo ódio e pelo negacionismo. “Vivenciamos uma política capturada pelo ódio e pela mentira. Um tempo em que os fatos não importam mais. E, nesse processo, é muito bom ver os companheiros e companheiras recebendo você, Márcia, no Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras”, afirmou.
Para o deputado distrital Gabriel Magno, que também compôs a mesa, o desafio é grande e a presença de Márcia vem somar numa luta urgente. “Agora, como companheira de militância, temos muita coisa para tocar. Precisamos derrotar a extrema direita, denunciar a listinha pró-golpista e defender a democracia nas ruas e no Congresso. E isso passa pelo fortalecimento do nosso campo popular. Sua chegada, Márcia, não é só simbólica, é estratégica”.
O ex-governador do DF, Agnelo Queiroz, também esteve presente e alertou para o momento difícil que o país atravessa. “Estamos enfrentando um período de avanço do fascismo no Brasil e no mundo. Só podemos combater esse câncer contra a humanidade com instrumentos fortes, combativos, que façam o debate de ideias, que ganhem corações e mentes para um projeto oposto: o projeto socialista, de desenvolvimento e igualdade social. Márcia, sua entrada no PT fortalece essa luta. Agora somos mais fortes”.
Maria Lídia Bueno Fernandes, doutora e referência na UnB, e Rosilene Corrêa, vice-presidenta do PT-DF, também homenagearam a nova militante. Rosilene foi enfática: “Com sua trajetória e tudo que representa, não poderia ter feito outra escolha. Seja muitíssimo bem-vinda ao partido das trabalhadoras e dos trabalhadores. A sua chegada fortalece a nossa caminhada”.
Logo ao tomar a palavra, Márcia não deixou dúvidas de que já se sentia parte da “nação petista” muito antes da filiação oficial. “Quero começar dizendo que me sinto em casa. Eu sempre fui da nação petista, a famosa ‘Márcia Red’, como me chamavam. Eu sempre fui vermelha”, afirmou, arrancando sorrisos da plateia. Relembrou o contexto simbólico de sua eleição como reitora da UnB, no dia anterior ao golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, e destacou os marcos de sua gestão: políticas de direitos humanos, avanços nas pautas das mulheres e ampla participação da comunidade acadêmica. “Agora, como militante do Partido dos Trabalhadores, reafirmo meu compromisso com a democracia, com a universidade pública e com o povo brasileiro. Quero estar com vocês nas lutas que virão. Porque como disse meu neto: ‘Agora é oficial, Márcia é vermelha’.”
O ato, repleto de emoção e entusiasmo, foi mais que uma cerimônia de filiação. Foi um chamado coletivo à resistência, à memória e à reconstrução de um projeto de país justo, democrático e popular. Com Márcia Abrahão agora oficialmente em suas fileiras, o Partido dos Trabalhadores reafirma seu compromisso com a educação como ferramenta de transformação e com a luta por um Brasil melhor para todas e todos.